11 DE DEZEMBRO DE 2019
COMPORTAMENTO
Pé na estrada e bons exemplos na bagagem
- Se eu perguntar a vocês um exemplo de corrupto ou de ladrão neste país, tenho certeza de que me dirão algum nome. E se eu pedir um bom exemplo de cidadão, vocês citariam alguém?
A provocação foi uma das primeiras feitas por Iara Xavier, 39 anos, durante palestra na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), na tarde de ontem.
Um silêncio se fez no salão nobre, como se os presentes estivessem se questionando sobre a dúvida de Iara, que, junto com o marido, Eduardo Xavier, 51, há nove anos, decidiu seguir à risca a frase de Mahatma Gandhi: "Seja você a seja a mudança que você quer ver no mundo". Eles venderam a casa própria, deixaram familiares em Minas Gerais e passaram a percorrer o Brasil de carro com o desejo de provar a existência de pessoas dispostas a ajudar o próximo. Acabaram conhecidos como os Caçadores de Bons Exemplos.
No Rio Grande do Sul desde segunda-feira para encerrar uma jornada que se iniciou no Amapá, em janeiro, o casal palestrou em mais dois locais do Estado antes de emocionar uma plateia formada por alunos e funcionários da universidade ao abordar o tema educação e contar como decidiram mudar a própria rota de vida.
- Cansamos de ouvir apenas as notícias ruins. Era preciso fazer algo. Nosso desejo sempre foi ver as boas ações sendo motivo de conversa entre as pessoas - conta a entusiasmada Iara, que comandou a palestra na UFCSPA.
Antes de abandonarem as carreiras, em 2011, Iara trabalhava como designer de moda e estilo, e Eduardo atuava como CEO de um plano de saúde nacional. Desde então, moram no próprio veículo.Em 2014, foram tema de reportagem do Diário Gaúcho. Na época, estavam na estrada havia três anos, moravam numa barraca sobre o carro, tinham a meta de finalizar a viagem no ano seguinte, sonhavam em fazer um documentário e escrever um livro.
Iara e Eduardo participaram de programas de tevê, como o Caldeirão do Huck, deram entrevistas e palestras, percorreram 12 países, escreveram dois livros e, numa parceria com a Rede Globo, produziram 36 minidocumentários para o programa Como Será?.
Eles seguem morando numa caminhonete adaptada, que conta até com energia solar, e continuam vivendo do que chamam de economia solidária: negam doações em dinheiro de pessoas físicas e só aceitam doações em forma de serviço - gasolina fornecida por um dono de posto ou reforma do carro são exemplos.
Em 2020, voltarão a percorrer o Brasil e deverão produzir um documentário em cada Estado. A meta é continuar lançando luz aos heróis invisíveis pelo país.
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