09 DE DEZEMBRO DE 2019
+ ECONOMIA
Criativos no mercado de trabalho
A economia criativa responde por cerca de 130 mil empregos formais no Rio Grande do Sul. Conforme o governo estadual, o número é mais elevado do que em setores tradicionais da indústria. As informações integram estudo das secretarias estaduais da Cultura e de Planejamento, Orçamento e Gestão, que será detalhado amanhã. A economia criativa reúne áreas como publicidade, artes visuais e moda. Esses segmentos também concentram cerca de 48 mil microempreendedores individuais (MEIs) no Estado, além dos 130 mil empregados.
Uma resolução do governo Jair Bolsonaro buscava retirar categorias culturais da condição de MEIs, o que provocou polêmica no fim de semana. Criticado, o presidente prometeu revogá-la.
"Estamos ficando para trás. É uma pena"
GUSTAVO FRANCO, Economista e ex-presidente do Banco Central
Um dos pais do Plano Real, Gustavo Franco lamenta o fato de o país estar "demorando muito" para avançar na área econômica. Ex-presidente do Banco Central (BC), o economista conversou com a coluna em Porto Alegre, em novembro, antes de seminário da Fundação Família Previdência. Na entrevista a seguir, avalia a condução da área econômica no governo Jair Bolsonaro e conta o que o fez recusar convite para o BNDES.
O senhor foi presidente do BC no governo Fernando Henrique Cardoso (FHC). Há alguma semelhança na área econômica com a gestão Bolsonaro?
São dois momentos históricos completamente diferentes. Um elemento de comparação vale ser destacado: o relacionamento da pauta econômica com o presidente. Fiz parte de um governo em que o presidente tinha sido ministro da Fazenda. Ele trouxe para a Presidência os temas econômicos com os quais lidou quando ministro. Estavam organicamente ligados à prática da Presidência e ao projeto de governo. Não é o que temos hoje.
Por quê?
O presidente Bolsonaro não foi eleito a partir dos temas da economia. Isso não foi especialmente debatido durante a eleição. Não é algo polêmico que estou falando. Bolsonaro reconhece. O próprio presidente diz que a economia não é o assunto dele, que o ministro Paulo Guedes cuida disso. Não foi a economia que o elegeu. É uma diferença de prioridades nas duas gestões (FHC e a atual). São diferentes circunstâncias, com diferentes Congressos. Os desafios da economia também são diferentes. Vamos aguardar, torcer. Rezar um pouquinho também ajuda (risos).
Como avalia o trabalho da atual gestão do BC, comandada pelo presidente Roberto Campos Neto?
A gestão é muito boa. Há continuidade na política monetária. Nenhum reparo a fazer. Está trabalhando muito bem.
Qual deve ser a prioridade do governo Bolsonaro na economia em 2020?
As prioridades são conhecidas. É sempre um desafio a articulação entre o Planalto e o parlamento para utilizar melhor a energia política e a vontade de fazer. Essa arte é muito específica. O momento econômico é de transição profunda, de o Brasil achar novo local na economia internacional, de redefinição do papel do Estado e do setor privado. Estamos demorando muito tempo como sociedade para lidar com os desafios. Enquanto isso, a Ásia triplicou de tamanho. Estamos ficando para trás. É uma pena ver oportunidades perdidas, ver os meninos indo para o Exterior, sem voltar ao país. O Brasil sempre foi esperançoso em relação ao futuro. Não podemos perder essa mística.
Em Porto Alegre, o secretário especial de Desestatização do governo federal, Salim Mattar, anunciou em abril que o senhor seria o novo presidente do conselho do BNDES. Por que não se confirmou?
O secretário fez o anúncio naquela ocasião. Estávamos conversando sobre a possibilidade de cargo no conselho do BNDES. Porém, houve objeções dentro do governo. Aí, o plano mudou um pouco. Preferi não entrar.
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