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terça-feira, 13 de março de 2012
13 de março de 2012 | N° 17007
PAULO SANT’ANA
A inveja
Ontem, passou por mim um homem mau, até me cumprimentou.
Não sei como aquele homem consegue suportar o fardo de maldade que ele carrega como uma maldição hereditária.
Aquele homem não é mau tanto pelos seus atos quanto por seus pensamentos.
Vez por outra, sua maldade é manifestada em suas palavras e todos os que andam ao redor daquele homem percebem, então, que ele é mau.
Ele é mau principalmente por sua inveja, sinistra chama sempre acesa no seu caráter.
A inveja no invejoso se origina na sua vaidade. Ela funciona assim: o invejoso não pode suportar que alguém seja melhor do que ele. Quando percebe isso, recrudesce a sua inveja.
Se fosse só inveja que ele possuísse, não seria nada. Acontece que, junto com a inveja, se manifesta nele também o nítido desejo de que as pessoas que ele inveja se espatifem na vida. Ou seja, o invejoso quer e pretende o mal da pessoa que ele inveja, embora não possa atrever-se a destruir o invejado.
Pior de tudo: o invejoso, o homem mau, não percebe que é invejoso nem que é mau.
Ele se acha uma pessoa de bem, imagina que as pessoas que ele inveja não percebam a sua inveja agressiva.
Se ele percebesse, tivesse consciência de que inveja os outros, talvez se corrigisse.
Mas a inveja nele faz parte do seu genoma, não pode evitá-la, é uma predestinação genética.
Todos os que andam ao seu redor percebem as suas agressões, só não discernem que elas provêm da inveja.
Noto que o homem que passou por mim e me cumprimentou ontem é uma pessoa profundamente amargurada, infeliz. Porque ele levanta todas as manhãs e lhe faz mal e lhe pesa a tarefa que tem de cumprir durante mais aquele dia: invejar.
O invejoso que me cumprimentou podia ser um grande homem, mas sua aflição reside exatamente na realidade de que é um homem pequeno. A inveja é que o faz pequeno, o mecanismo da inveja é exatamente este: o invejoso se considera menor que as pessoas a quem inveja. Ele não queria que existissem pessoas maiores do que ele, só assim seria feliz e poderia renunciar à sua sinistra e incômoda tarefa de invejar.
É possível que o invejoso, lendo estas linhas, desconfie de que ele é o personagem central desta coluna de hoje.
Mas ele lerá e relerá esta coluna e pode concluir que não é com ele que esta coluna está mexendo: porque ele partirá da premissa de que não é invejoso. Como já escrevi acima, ele não sabe que é invejoso.
Não há solução para este caso, o invejoso continuará até morrer a ser invejoso. E os seus invejados serão sempre, inevitavelmente, invejados por ele.
Ele sempre encontrará na vida pessoas a quem invejar. Não é difícil para ele, muita gente é superior a ele.
O invejoso não sabe que é invejoso, mas sabe muito bem quem é superior a ele.
É fácil ser superior ao invejoso, basta saber que ele é invejoso.
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