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segunda-feira, 12 de março de 2012
12 de março de 2012 | N° 17006
PAULO SANT’ANA
O fenômeno Neymar
Grande vitória do Grêmio sobre o Novo Hamburgo ontem. Começa a se definir o método de Luxemburgo.
Sobre Kleber, ele é sempre a maior figura do jogo, mas este Facundo Bertoglio está empolgando a torcida. Jogou poucos minutos até agora, mas em todas as apresentações foi fecundo.
Será que o Grêmio está mesmo criando um grande time?
Não me saem da cabeça os dois gols de Neymar contra o Internacional, na semana passada, na Vila Belmiro.
Foram duas obras de arte que mais me impressionam porque já vi na televisão Neymar fazer outros gols iguais àqueles.
Ele sai do meio do campo ou do seu campo e envereda em direção à área adversária, movido, parece, por uma centelha divina que torna os adversários impotentes para detê-lo.
Ouvi algumas pessoas lamentarem os dois gols de Neymar, claro que por serem coloradas, argumentando que não entendem como os defensores vermelhos não usaram de força para deter Neymar.
Na minha impressão, a sublimidade da arrancada com dribles de Neymar reside em que ela não permite aos adversários que usem a força para detê-lo. Ele é tão rápido, tão ágil e tão cerebral, que não dá chance aos adversários que cometam faltas sobre si.
E, de repente, Neymar, que saiu do campo do Santos no primeiro gol, estava na risca da área pequena, ainda com dois zagueiros em seu encalço, mas somente com o goleiro à sua mercê.
E, em lances em que outros atacantes desperdiçam atirando a bola sobre o goleiro, ele é mestre em dar um toque na bola que envolve o goleiro. Como um milagre, a bola termina na rede.
Já vi inúmeros gols de Neymar iguais àquele.
O grande jogador de futebol, como Neymar e Messi, é um artista. Ele adquiriu aquela genialidade nas peladas de guri.
Parece que a bola gruda nas chuteiras de Neymar. A maior arte de Neymar consiste em enganar os adversários brutamontes. Ele é fininho e frágil, talvez seja isso que lhe dê tanta destreza no embate contra os defensores.
Dribla magistralmente, mas também chuta com uma certeza e uma potência admiráveis, como naquela bola que jogou na trave colorada.
É um ser talhado para jogar futebol.
Se tenho alguma expectativa para a Copa do Mundo de 2014, ela reside em ver Neymar jogar a Copa.
Imaginem uma Copa do Mundo com Neymar e Messi presentes, imaginem!
Chega a ser surrealista que Neymar ainda esteja jogando no Brasil. O Santos conseguiu o milagre de mantê-lo com ganhos salariais e de propaganda que se igualam aos ganhos de Messi e de outros grandes jogadores de grandes clubes europeus.
Por outras razões, Pelé jogou a maior parte de sua carreira fabulosa no Brasil, só no fim da carreira foi para o Exterior, mas já não era o mesmo.
Como é, então, que 50 anos depois, Neymar repete Pelé e mostra aos torcedores brasileiros o seu exuberante futebol, indiferente às fortunas das potências futebolísticas espanholas e italianas, que não conseguiram levá-lo?
Que jogador este Neymar! Igual a Messi, ele sozinho significa mais que um elenco.
E, quando o Santos joga, assim como Messi no Barcelona, não se diz “hoje vou para a televisão ver o Santos jogar”. Se diz “hoje é dia de ver Neymar”.
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