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sexta-feira, 9 de março de 2012
09 de março de 2012 | N° 17003
PAULO SANT’ANA
Torcida por Lula
Esta semana, Lula foi hospitalizado para tratar de pneumonia nos dois pulmões.
O câncer de Lula é parecido com o meu, o dele na laringe, o meu na rinofaringe.
Lula teve de fazer radioterapia e quimioterapia. Eu, somente radioterapia. Por isso cheguei a imaginar que a doença dele seja mais grave do que a minha.
Mas, com Lula hospitalizado, fiquei compadecido dele. Ninguém como eu pode avaliar o que Lula está sofrendo. É que eu sofri muito e continuo sofrendo, então tenho elementos factuais e experimentais para avaliar o que Lula está passando.
Não se localiza na imprensa, o que é concebível, o sofrimento de Lula, por isso estou citando-o aqui, com a autoridade de quem sofreu o mesmo tratamento ou quase igual ao do ex-presidente.
Não sei se foi a quimioterapia a responsável pela queda de cabelos de Lula, acho que foi. Fiquei confundido a respeito porque antes mesmo de se submeter ao tratamento, que tinha então sido apenas indicado, Lula decidiu raspar a cabeça, isto é, antecipou-se a um dos efeitos do procedimento.
Eu emagreci 18 quilos com a radioterapia, Lula também deve ter perdido peso. O jornalismo não divulga, mas, como os raios da radioterapia atingiram em Lula a mesma região que foi atingida em mim, ele deve ter perdido, como eu, o paladar, a saliva e o apetite. E essa perda ocasiona no paciente – só eu sei – muito sofrimento.
Muita gente ao meu redor, principalmente em meu ambiente de trabalho, teve câncer de alguns meses para cá. Não cito seus nomes para não invadir sua privacidade.
Aproximei-me deles por osmose causal. É impressionante a expansão dessa doença, que corre paralelamente ao desenvolvimento da oncologia entre nós.
Eu fui tratado no Hospital Mãe de Deus, muito bem tratado. Imagino que existam outros centros de tratamento também eficientes.
O ex-presidente Lula, em São Paulo, deve também estar sendo alvo de grande atuação da medicina.
Ele teve pneumonia dupla porque seu organismo ficou vulnerável às doenças oportunistas, em face da quimioterapia e da radioterapia.
Torço por ele tanto quanto torço pelos doentes ao meu redor, tanto quanto torço por mim.
A esse respeito, sem possuir estatística, no entanto é do meu conhecimento o número expressivo de pessoas que veem seus cânceres curados, multidões e multidões que se apavoraram com a doença e depois sobreviveram a ela, até mesmo com surpresa.
Deve-se à medicina brasileira, aos hospitais brasileiros, aos enfermeiros, aos químicos, aos atendentes em geral esse sucesso.
E deve-se também à ciência: anos atrás, muito menos gente era curada de câncer do que agora.
Desejo sorte ao Lula. Ele há de vencer esta parada.
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