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segunda-feira, 5 de março de 2012
05 de março de 2012 | N° 16999
PAULO SANT’ANA
A paciência
A gente não percebe, mas para enfrentar a vida usamos de uma arma indispensável: a paciência.
Na vida moderna, então, a paciência é imprescindível.
Começa que qualquer pessoa sem paciência não pode dirigir no trânsito urbano e mesmo nas estradas.
O engarrafamento no trânsito é a situação humana que mais exige paciência. Tem de ter paciência com os carros que estão na frente e grande paciência com o carro que vem logo atrás.
Toda pessoa que revela ser impaciente se quebra na vida. Começa que já teve de ter a paciência para nascer, foram longos nove meses.
Mas haja paciência para quem não tem carro ou não dirige: esperar o ônibus é um dos mais sacrificados ônus dos passageiros.
Mas tem de ter paciência para obter o empréstimo, que o digam o Internacional e a Andrade Gutierrez, haja paciência para esperar na fila do banco, mais paciência ainda para torcer que sua filha consiga um namorado sensato, que sua mulher faça cessar seus acessos de mau humor e seu marido afinal modere seus ímpetos de irritação quando reclama pronto atendimento para suas incessantes exigências.
Tem de ter paciência para escolher a vocação, mais paciência ainda para não desistir da vocação, paciência árdua para assistir à vida pública mergulhando na imoralidade, o país naufragando na desonestidade de muitos homens públicos, o dinheiro dos contribuintes sendo desviados para os bolsos dos ímprobos e ministros inconfiáveis sendo sucedidos por outros também indignos da sublimidade das missões que lhes confiaram.
Tem de ter muita paciência para esperar que o Brasil entre nos trilhos da moralidade política.
O adolescente se impacienta em tornar-se adulto, a mulher se impacienta diante das primeiras rugas, o velho se impacienta com a fadiga dos seus órgãos vulneráveis à doença.
Tem de ter paciência para tudo. Haja paciência para esperar o salário, que só vem de 30 em 30 dias, paciência para aumentar os ganhos e diminuir as despesas, haja paciência para discernir entre a clareza e o subterfúgio dos que nos querem enganar e entre a sinceridade e o interesse dos que nos agradam.
Quer paciência maior do que a que têm de possuir os professores estaduais para alcançar o piso nacional ou os delegados de polícia para serem equiparados salarialmente aos procuradores? Eles esperam há uma eternidade.
Tem de ter paciência para a reforma do Beira-Rio e para a conclusão da Arena.
O médico tem de mostrar paciência ao atender tantos doentes, os doentes têm de ter tanta paciência nas filas do SUS, que já por isso são denominados tradicionalmente de pacientes.
E só espero, leitor ou leitora, que você tenha tido paciência para ler toda esta coluna, ainda mais que agora terá de ler todo o atraente restante do jornal.
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