sábado, 3 de março de 2012



04 de março de 2012 | N° 16998
PAULO SANT’ANA


O detetive particular

Esse cartão que está aí em cima me foi entregue pessoalmente por seu titular, sexta-feira, na barbearia.

E o detetive particular me disse o seguinte: “A todas as mulheres que comparecem a meu escritório para que eu investigue os maridos que as estão traindo, primeiro mostro-lhes 10 colunas tuas, Sant’Ana, que tenho arquivadas e que falam de ciúme e adultério. A maioria das mulheres que supõem que estão sendo traídas, logo após lerem tuas 10 colunas, se acalmam. para aquelas raras que não se acalmam, então inicio as investigações”.

Eu não sabia que a coluna que escrevo acalma mulheres traídas. Mas o detetive particular disse isso com tanta ênfase, que acabei acreditando.

Mas, enfim, esta coluna tem tido tantas utilidades, que não é de se estranhar que imprima serenidade a esposas que desconfiam de seus maridos.

Esta coluna, afinal, tornou-se um elemento da natureza, como o Sol, as águas, a Lua, as nuvens, os relâmpagos, os planaltos e as planícies.

Esta coluna, como os elementos da natureza, além de serenar esposas traídas, assim como o Sol e a Lua, aparece todos os dias, úteis ou feriados, sábados e domingos, na penúltima página de Zero Hora.

Esta coluna – é um milagre – está no jornal até quando estou de férias. Quando estou doente, lá está a coluna na penúltima página.

Não vai ser porque eu esteja com câncer na rinofaringe que esta coluna deixará de ser publicada e os leitores até perdoarão que a terrível doença que me atacou seja o tema da coluna naqueles dias que cercam a infausta notícia.

Não vai ser porque eu tenha de me submeter em 50 dias a sacrificante radioterapia que esta coluna deixará de ser publicada, nem a tontura incapacitante que sofro pela inativação de meus dois labirintos, que me levou a adotar uma bengala, nada disso impedirá que os leitores de todo o Rio Grande do Sul se deliciem todas as manhãs com o petisco saboroso desta coluna em seus lares.

Nada há que impeça a que todos os dias os gaúchos leiam esta coluna. Ela é uma força da natureza, revolta como as águas caudalosas, outras vezes mansa e cálida como as águas das lagoas.

Mas lá está, impávida a todas as agruras ou comemorativa de todas as alegrias, minha coluna exposta e oferecida na penúltima página.

Pode o leitor não ter ido trabalhar por qualquer motivo, pode ter ido trabalhar como há tantos anos trabalha, acabará lendo pela manhã esta insinuante e brava coluna.

Há leitores que me escrevem da Fronteira longínqua dizendo que leem esta coluna tomando chimarrão, nem sei como Zero Hora consegue chegar de manhã cedo em locais que distam até mais de 500 quilômetros de PoA, mas está lá todos os dias do ano Zero Hora e com ela – inseparáveis–, minha coluna.

E bendito seja Deus, que 99% dos leitores de Zero Hora comecem a leitura do jornal pela minha coluna.

Como você, leitor ou leitora, gaúcho ou gaúcha, está fazendo exatamente agora.

Um abraço comovido de agradecimento.

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