quinta-feira, 1 de março de 2012



01 de março de 2012 | N° 16995
PAULO SANT’ANA


Imbróglio da Andrade Gutierrez

Impossível, diante da celeuma, que qualquer gaúcho fique alheio a ela, pelo que também intervenho para dar minha opinião sobre o caso da reforma no Estádio Beira-Rio.

A cada dia que passa, eu e a opinião pública ficamos cada vez mais confusos.

Ontem, a confusão aumentou com a notícia que a Carolina Bahia mandou de Brasília: de que conversou com um assessor direto da presidenta da República (talvez ministro).

E que, segundo esse assessor, a presidenta não admite que o contrato sobre as obras seja assinado por outra construtora que não seja a Andrade Gutierrez. Mais transmitiu a ordem presidencial: que o estádio escolhido para a Copa do Mundo não seja outro que não o Beira-Rio.

Eu tenho a impressão de que sei por que a presidenta Dilma interveio: é que nos últimos dias tanto o governador Tarso Genro quanto o prefeito Fortunati e o ex-presidente da Assembleia Legislativa Adão Villaverde declararam a mesma coisa: “A Copa do Mundo será realizada em Porto Alegre”.

Ora, essa afirmação escondia um subterfúgio: queriam dizer as autoridades que a Copa do Mundo tanto poderia ser no Beira-Rio quanto na Arena. As três autoridades omitiam estrategicamente a expressão “Beira-Rio” e a substituíam por “Porto Alegre”.

Parece que foi por isso que a presidenta Dilma, como boa colorada, resolveu intervir no imbróglio, afirmando que tem de ser no Beira-Rio e que tem de ser a Andrade Gutierrez a reformadora.

Cá para nós, não acredito no que o assessor presidencial disse para a Carolina Bahia.

Experiente como é, Dilma não iria, como presidenta da República, descer do seu pedestal e vir aqui embaixo escolher a empreiteira. Nunca tinha visto um presidente da República escolher a empreiteira, indicar a construtora.

Tenho certeza de que Dilma não fez isso e há aí um ruído de comunicação.

Segundo o assessor presidencial e o que transmitiu à Carolina Bahia, a presidenta Dilma foi taxativa: não só tem de ser a Andrade Gutierrez a autora do remendo no Beira-Rio como quem tem de conceder empréstimo é o Banrisul.

Outra exigência de Dilma? Não pode ser, a presidenta escolhendo não só a empreiteira como também o banco financiador! É um absurdo.

Tanto o Banrisul tem o direito de não conceder o empréstimo quanto a Andrade Gutierrez tem o direito de não realizar a obra, a presidenta não pode demovê-los.

Por isso é que digo: Dilma não falou isso que a notícia transmitiu ontem, a presidenta não tem o estilo de quem se mete em cumbuca.

A Carolina Bahia falou também que Dilma resolveu entrar com os “dois pés” na celeuma.

Pois, do jeito que veio a notícia ontem, não foi com os dois pés que a presidenta se meteu nessa confusão, foi metendo os pés pelas mãos. Daí por que não acredito que a presidenta iria entrar nessa fria.

Então, ficamos assim, quando deu impasse no financiamento das obras do novo Estádio do Corinthians, Lula interveio e saiu o financiamento e vai sair o estádio.

Agora Dilma também vai intervir no Beira-Rio? Aí a coisa ficaria simples: é só saber pra qual clube o presidente da República torce.

Não acredito.

E por isso fui sozinho contra a Copa do Mundo no Brasil, desde o início.

Um comentário:

Anônimo disse...

É mas se ela não disse isso deveria desmentir o que está circulando nos meios de comunicação, senão o efeito final será o mesmo de ter dito.