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quinta-feira, 1 de março de 2012
01 de março de 2012 | N° 16995
LETICIA WIERZCHOWSKI
Uma semana polonesa
Wislawa Szymborska morreu no dia 1º de fevereiro, aos 88 anos. Poeta polonesa que ganhou o Nobel, ocupa um lugar muito especial na minha estante. Na semana da sua morte, estava eu navegando entre as páginas de Poemas, primeiro livro seu editado no Brasil (pela Cia. das Letras).
No dia 30 de janeiro, enviara meu texto para esta coluna, falando justamente da poesia de Wislawa e do meu contentamento ao saber que sua belíssima obra poderia, agora sim, ser apreciada pelos brasileiros.
Pois fiquei pasma com a coincidência: no dia em que meu texto foi publicado, anunciava-se também o falecimento da grande dama polonesa. Alguma coisa entre lá e cá me tinha aproximado dela, eu que passara a semana inteira pensando-a, passeando entre seus versos, pesquisando na internet em busca de um poema que não estava na coletânea em questão, e que ainda não encontrei.
Dois mundos que me compunham, o lá e o cá se uniam, sem que eu soubesse: nessa mesma época, uma matéria a meu respeito fora publicada na Polônia; era uma matéria que estava para sair havia muito, escrita por um jornalista polonês que me procurou aqui no Brasil, o texto fora publicado com uma grande foto minha e outra do meu avô polonês, cuja vida inspirou-me o romance Uma Ponte para Terebin.
Assim, na mesma semana na qual Szymborska deixou seus gatos e suas xícaras de chá, na qual seus olhos mundanos deixaram de vislumbrar as ruas de Cracóvia, meu e-mail viu-se repleto de sinais desse outro lugar, do qual meu avô partira havia várias décadas, mas que visito frequentemente no mundo da ficção. E surgiu-me uma editora polonesa interessada na minha obra (tenho livros em alguns países, mas lá, meu outro berço, ainda não, por enquanto...).
Mais do que isso: a filha de uma tia-avó soprada pelos anos encontrou-nos, a todos nós, os Wierzchowski que nasceram de Jan. Encontrou-nos porque leu a matéria na revista, porque os anos e a morte do avô e o comunismo e a guerra os haviam separado, e nunca mais um sinal de fumaça que fosse. Até essa semana. A semana em que li Wislawa em português, e escrevi meu texto, e ela morreu, e publicaram essa matéria numa revista chamada Zwierciadlo.
E fiquei pensando que Wislawa abriu-me caminho para algum lugar aonde ainda não cheguei, e ao mesmo tempo (incrédula) dei de ombros: a irônica Szymborska ficaria bravíssima ao ser comparada a um anjo ou coisa parecida, mesmo que torto, mesmo que privado de asas.
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