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quarta-feira, 5 de outubro de 2011
05 de outubro de 2011 | N° 16847
PAULO SANT’ANA
Mortes impunes no trânsito
É impressionante o que está acontecendo no trânsito de Porto Alegre. Examinem só: de janeiro a agosto deste ano, morreram 102 pessoas no trânsito. Foram 43 pedestres mortos por atropelamento, também 43 motociclistas mortos por colisão.
Nada menos que 85% dos mortos compreenderam pedestres e motociclistas. É fantástico o índice.
E, agora, o dado mais surpreendente e lamentável: de janeiro a agosto deste ano, 253 pedestres foram atropelados por motos. Algo que significa a síntese da selvageria do trânsito porto-alegrense.
Esses dados me foram fornecidos pela EPTC.
Temos, então, vários aspectos caóticos: o primeiro deles, o mais alarmante, é que as motocicletas estão aterrorizando Porto Alegre.
O segundo é que os pedestres estão sendo indefesamente caçados em nosso trânsito. Caçados pelas motos, caçados pelos carros.
Tanto que quem menos morre no trânsito são os motoristas e os passageiros de carros. Estes saem ilesos do trânsito, a comprovar que os carros demonstram sua hegemonia material sobre os outros atores do trânsito, prevalecendo-se de seu tamanho para afirmar a impunidade de seus tripulantes.
É preciso pôr um fim imediato à impunidade dos motociclistas da nossa cidade, a par da descortesia ostensiva dos motoristas, uns para com outros.
A EPTC começou a realizar batidas há dias na cidade, assustada com esses índices. Além da violência que espalham pelo volante, as motos são apreendidas em cerca da metade das que são apanhadas nas batidas, apresentando irregularidades como pneus carecas e falhas no sistema elétrico.
Eles podem estar se divertindo, falo dos motociclistas com suas diabruras, mas o povo está morrendo em suas mãos. Esses 253 pedestres atropelados por motos, alguns mortos, são uma bandeira de protesto pelo que está acontecendo conosco, isto vai ter de acabar.
E não há mais tempo para a educação, talvez não haja, daí que a hora é de repressão aos motociclistas desordeiros.
E não só multa, mas também prisão em flagrante dos faltosos. Enquanto não houver a autuação com prisão em flagrante nos casos mais graves, vai continuar o desmando.
Em certas evoluções de nossos motociclistas no trânsito, demonstra-se cabalmente o êxtase hedônico que têm em serem velozes com suas máquinas. Ou seja, um sadismo orgástico com o custo de vidas das pessoas que morrem no trânsito.
Até agora assistimos passivamente, nós, munícipes, a imprensa, a EPTC, a esse festival de loucuras das motos em nosso trânsito.
Agora todos teremos de reagir.
Não dá mais para prosseguir assim.
Chega de olharmos olimpicamente para a morte nas nossas ruas e avenidas. As motos terão de ser enquadradas, ou melhor, seus condutores.
Não pode o trânsito, que tem de ser uma maneira civilizada de administrarmos a circulação de veículos e pedestres, se tornar uma fábrica de mortes e lesões por irresponsabilidade clara de alguns motociclistas.
Olho neles, vigilância neles, cadeia neles!
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