segunda-feira, 7 de julho de 2008



Tolerância mais ou menos zero

Nossa Lei Seca, tolerância zero, provavelmente será modificada, mas não muito. Hoje ela é das mais duras no mundo, num país com dificuldades de transporte público, problemas de cumprimento e fiscalização de leis e outras questões conhecidas.

Aumentar a quantidade permitida de álcool no sangue, propor que motoristas alcoolizados prestem serviços comunitários, como recolher latas e garrafas de bebidas nas calçadas das cidades e em beiras de estradas e dar palestras em escolas sobre o que ocorre com quem dirige fora da lei, são, entre outras, idéias a serem estudadas e postas em prática.

A faceta interessante de nossa lei seca exagerada é que ela sinaliza uma mudança de atitude, uma nova postura frente à nossa secular tolerância com descumprimento a normas, leis e regulamentos.

Esse lance de que não existe pecado abaixo da linha do Equador vai ficando nos livros de História e nos versos da famosa canção. Quem quiser beber um pouco, socialmente, tudo bem, saúde! Tomara que a lei mude.

Quem quiser tomar todas pode fazer como dois velhos amigos queridos que tive, que estão, a estas alturas, em algum boteco lá de cima. Um deles bebia mais em casa. Sim, é meio chato beber em casa, mas ele gostava e até preferia.

O outro freqüentava os bares perto da casa dele e aí caminhava, sem problemas, nas calçadas. Ou pegava um táxi, se queria beber um pouco mais longe.
Para quem bebeu, calçadas são como escadas-rolantes, escreveu um poeta.

Táxi, táxi-lotação, van, carona, beber em viagem de navio, na casa da praia, da serra ou no sítio, soluções há faz tempo. O vinho e os demais tipos de mé devem continuar a ser apreciados, inclusive em cerimônias religiosas. Afinal, somos todos filhos de Deus.

Tem vinhos divinos, aliás, que sabem mais do que os milhares de volumes da minha biblioteca. O certo é que o combate ao álcool cresce no mundo e que precisamos mesmo de uma legislação dura. Um pouco menos do que essa nossa aí.

Mas precisamos, também, mudar de hábitos. Vida noturna em horários mais razoáveis, fiscalização preventiva e pedagógica, informação nas escolas, e, acima de tudo, alternativas mais saudáveis para quem quer relaxar e se soltar.

Liberdade, alegria, imaginação, fantasia, conversa solta, piadas, sorrisos, gargalhadas, beijos e abraços podem originar-se de fontes não-alcoólicas, acredite!

Ou vocês pensam que apenas legisladores podem viajar na maionese e em outras substâncias? Cin cin! Salute! Tcheers!

Prosit! Salue! Campai! Le Chaim! Saúde! Bebam com moderação! Só não me chamem de madrugada para buscar carro apreendido, zuzo bem?

Jaime Cimenti - Uma ótima segunda-feira e uma excelente semana

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