sábado, 12 de julho de 2008



12 de julho de 2008
N° 15660 - Paulo Sant'ana


Com plano de saúde!

Tenho amigos, alguns graduados e com poder afetivo para me pressionar, que detestam quando transcrevo e-mails de leitores em minha coluna. Eles alegam que abrem a penúltima página para me ler e não para ler os outros.

No entanto, há casos em que é imperioso publicar os e-mails. Este que vou publicar hoje, por exemplo, terá a utilidade de melhorar o atendimento de saúde nos hospitais. A única linguagem que alguns deles conhecem para aperfeiçoar seus serviços é a grita na imprensa. Então, tem que sair na imprensa. Não é lícito sufocar um grito desses.

"Prezado SantAna. Sou assinante da Zero Hora há alguns anos e acompanho o programa do Macedo também, venho através deste e-mail relatar a minha profunda indignação com a saúde neste país e sei que vocês irão concordar comigo, inclusive peço que, se possível, a Zero Hora ou o Diário Gaúcho façam uma reportagem sigilosa e depois publiquem. Vamos aos fatos.

Tenho um filho de seis meses que está doentinho, estou desde a outra quinta-feira correndo para um lado e para outro e ninguém resolve o problema, isso que tenho plano de saúde.

Ocorre que no sábado levei-o até o Hospital Dom João Becker, em Gravataí, que para mim aquilo não é hospital e, sim, um açougue, porque as pessoas são tratados igual a uns animais, sem respeito e com deboche ainda por cima. Nesse dia, pedi um pediatra para ele.

Olhe o absurdo a que chegamos: levei duas horas para ser atendido, o meu filho com 39°C de febre e o hospital sem triagem, coisa que todo hospital deveria ser obrigado a ter.

Quando meu filho estava sendo atendido, a médica me fez um comentário assim: Bah, esqueci de receitar um medicamento para o paciente que saiu há pouco.

Aí ela mencionou que estava de plantão das 7h às 19h, aquela hora já eram 22h, e o médico que deveria entrar no lugar dela não veio, ou seja, ela teria de virar até as sete da manhã do outro dia. Pior ainda foi quando fiquei sabendo que ela atendia no particular e ao mesmo tempo ia no SUS e atendia também.

Podemos ver que só tinha um único pediatra para atender todo um hospital, particular e SUS, uma irresponsabilidade total do hospital que se diz administrado por freiras.

Bom, a médica mandou que fossem aplicadas em meu bebê cinco injeções (uma por dia). Na primeira aplicação, tudo bem, na segunda, que foi no domingo, o estresse já foi enorme, tivemos de esperar uma hora e meia para uma aplicação.

Ridículo isso. Na terceira aplicação, pior ainda, no balcão de atendimento (nunca vi ter de passar pelo balcão de atendimento se já existe a receita do médico), a balconista achou de querer ligar para o plano de saúde para saber se cobria uma injeção de R$ 10.

Claro que às 23h seria impossível saber isso, e como o hospital tem fome de dinheiro, não queria liberar de jeito nenhum. Detalhe: ele deveria tomar o medicamento até as 22h. Para resumir, depois de muita briga, paguei de uma vez para o guri tomar o medicamento.

O mais estressante disso tudo é ter de ver um hospital (único em Gravataí) ser tão péssimo no atendimento à população, do lado da ala particular tinha o SUS, as pessoas estavam amontoadas com previsão de atendimento de oito horas de espera. Pelo visto, a coisa só funciona lá quando eles são ameaçados de que o jornal será chamado. Aí, parecem uns loucos.

Após todo o tumulto, meu filho com febre ainda, fui obrigado a vir para Porto Alegre e buscar recursos melhores para ele. Chegamos na Santa Casa, Hospital Santo Antônio, que estava muito lotado, tempo de espera de três horas.

Fomos para o Mãe de Deus, a mesma coisa o tempo de espera, mas felizmente a demora foi de uma hora e meia.

Graças a Deus, pegamos uma pediatra competente, que mandou virar ele do avesso, mesmo assim chegamos em casa às 4h30min da manhã. Infelizmente, a saúde do Brasil é extremamente terrível para o povo, mas ainda tenho de ouvir que nunca na história deste país...

Peço encarecidamente para que vocês façam uma matéria sobre isso, nos ajudem a acabar com essa tristeza, só com o poder da imprensa para eles se emendarem. Saudações, (ass.) Alessandro Cunha, Saja Serviços Contábeis, Rua dos Andradas, 1137/2106, POA, fone 3211-2553".

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