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sexta-feira, 11 de julho de 2008
11 de julho de 2008
N° 15659 - Ricardo Silvestrin
A nossa vida real
Nenhuma história é real. Só pelo fato de ser história, narrativa, é linguagem. E palavra não é mais o fato. Palavra é abstração. E também matéria: tem um som, um desenho. Na relação entre palavras, vai se tramando um mundo de ritmos, imagens, sugestões.
E quando temos palavra, atores, trilha, enredo, apaga-se a luz do cinema lotado, então aceitamos o jogo de faz de conta e entramos no mundo das histórias. Mesmo que, inutilmente, sejamos advertidos de que o que estamos vendo é baseado em fatos reais. É como o excelente filme O Banheiro do Papa.
Tem como pano de fundo a vinda do Papa a uma pequena cidade da fronteira do Uruguai com o Brasil. Tem o que aconteceu com o povoado movido pela esperança de que um enorme número de turistas viria trazendo uma possibilidade de ganhar algum dinheiro. Tem a vida dos sacoleiros que passam pela aduana.
Mas tudo isso vira outra coisa nas mãos de um diretor com o olhar de César Charlone, que estréia na direção de um longa depois de tanto trabalhar como fotógrafo no cinema. Mostrou que sabe também fotografar a alma dos personagens. Meandros da relação entre pai e filha.
O sentido da amizade entre dois homens pobres, sofridos. O desejo de superação dos limites por parte do personagem central. Tudo isso acaba criando uma empatia entre a história e todos nós que assistíamos.
Ficamos íntimos desse sacoleiro, com sua vida totalmente distante da vida do público que estava no cinema. Um homem que mora numa casa desprovida de tudo o que consideramos o máximo hoje.
Sem internet, sem site, sem blog, sem celular, sem conforto. Mas com a mesma alma inquieta que temos e que não encontra sossego, sempre buscando algo que no fundo nos traga de volta nós mesmos.
Foi o que trouxe a todos que viram o filme: nossa triste e ao mesmo tempo alegre humanidade. Nossa solidão de quem só pode contar consigo mesmo.
Por isso toca fundo. Não porque seja baseado em uma história real. Mas porque, no confronto com a irrealidade do que foi contado, saímos mais fortes para lidar com a nossa vida real.
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