terça-feira, 8 de julho de 2008



08 de julho de 2008
N° 15656 - Luís Augusto Fischer


Nove anos esta noite

Começo de 1999, vou na rádio Ipanema dar uma entrevista para a Kátia Suman, que era já uma grande interlocutora do mundo cultural na cidade, particularmente do rock, mas também do pop, literário, teatral etc.

Estava terminando de redigir meu Dicionário de Porto-alegrês, que sairia na Feira daquele ano, mas que em parte estava exposto numa publicação aperiódica chamada não, ou melhor, nao-til, manja? Uma beleza de revista internética.

Aconteceu que no número de março de 99, editado pelo Carlos Gerbase, saiu a letra A do dicionário, que ainda se chamava (era meu título predileto, mas caiu na hora h) Dicionário Impreciso de Porto-alegrês.

Pode conferir, ainda está na rede. Saiu lá, a Kátia leu e me convidou para um papo, que durou um tempão, talvez uma hora, entremeada de rock e comerciais. Falamos sobre a cidade, sobre a nossa fala, e literatura, rock, um monte de coisas, como amigos que ainda não éramos mas já éramos, pela proximidade cultural que, fomos ver, era também afetiva.

E foi ali que ela me sondou: eu toparia uma jogada (voz da Kátia dizendo: "A jogada é a seguinte") de ler uns textos, num bar, de noite, ela, eu e o Frank Jorge? Sei lá, uma coisa meio sarau antigo. Sim? Sim, claro. Ainda não estava certo o bar (talvez o Zappa, o Ocidente), mas seríamos nós três e um convidado, mais uma canja musical ao fim.

Rolou um tempo, mas, na primeira semana de julho de 1999, estávamos lá, os três, com o convidado Ricardo Silvestrin e a canja do B. Bossa Trio.

Nossas três combinações: teríamos um tema central (o primeiro foi hai-kai), a função começaria às 21h30 e teria uma hora de duração. Principalmente pra não enjoar, pensava eu, que propus essa regra, e pra deixar um gosto de coisa boa que se suspende mas volta na semana que vem.

Em seguida entrou em cena o Cláudio Moreno, professor como eu, e mais que eu, com uma coluna grega imortal de tão boa, de vez em quando recheada com umas passadas pelas Mil e uma Noites, noutras vezes dedicada a um achado nessa selva milagrosa que é a internet.

O Frank acabou deixando de ser fixo (mas sempre em nosso coração) e aí entrou a Cláudia Tajes, por sinal Maria Cláudia, a primeira gremista da nossa pequena trupe, um talento sensacional para a queridice e para a sacanagem - literária, claro.

E eis-nos completando nove anos hoje à noite. Querendo compartilhar a festa, aparece lá, meu caro leitor, hoje ou noutra terça qualquer.

Nosso lema bem que podia ser como o de uma antiga tendência trotskista baiana (!) dos anos 70: "Enquanto tiver bambu, vai flecha".

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