Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quarta-feira, 2 de julho de 2008
02 de julho de 2008
N° 15650 - Martha Medeiros
O mundo segundo as crianças
Crianças não escrevem colunas para jornal. Não publicam livros.
Não dão entrevistas para a tevê. Não são consultadas em pesquisas. Crianças simplesmente existem, estão ao nosso redor e mobilizam nossas emoções e ações: somos pais e acreditamos saber o que é melhor para nossos filhos. Mas até onde conseguimos perceber o que eles sentem de verdade?
As crianças, pelo menos a maioria delas, não são articuladas como adultos. Não racionalizam sobre os próprios sentimentos. Elas se comunicam conosco de outras formas:
através dos seus silêncios, da sua falta ou excesso de apetite, da sua timidez ou desinibição, das suas perguntas aparentemente sem importância, das suas observações que muitas vezes não são levadas a sério. "Isso é coisa de criança" é a desculpa que costumamos dar a nós mesmos diante de qualquer atitude incômoda da parte deles.
E assim a vida segue. Adultos opinando e discutindo sobre o mundo em que vivem, enquanto que as crianças seguem sem representatividade, vivendo dentro do seu próprio universo e cultivando seu próprio mistério.
Não por acaso, filmes que são narrados através da visão de uma criança (nos anos 80, o sueco Minha Vida de Cachorro e o alemão O Tambor, e, mais atuais, o chileno Machuca e o brasileiro O Ano em que meus Pais Saíram de Férias,
só para citar quatro entre centenas de exemplos) são sempre recebidos pela platéia com um genuíno interesse, pois despejam sobre nós uma alta carga poética e emocional: através dessas obras, lembramos que uma criança não é um acessório familiar que apenas estuda, brinca e dorme.
Criança presta atenção em tudo e reage aos acontecimentos de forma autêntica, criativa e inusitada, pois ainda não está viciada em fórmulas e jargões analíticos. A visão que uma criança tem do mundo é sempre surpreendente e sempre delicada, mesmo diante da violência mais brutal.
Que violência? Bom, o mundo não é exatamente um parque de diversões. Crianças sofrem perdas familiares e humilhações na escola, vivem sob a pressão do bom comportamento, se assustam diante de emoções novas, são bombardeadas por informações que ainda não conseguem processar, recebem estímulos visuais nem sempre próprios para a idade, têm pesadelos, fantasias e um monte de perguntas na cabeça.
Se já não era brincadeira ser criança na nossa época, hoje deve ser ainda mais complicado.
A televisão algumas vezes ajuda a complicar, mas também ajuda a entender. No próximo final de semana estreará uma nova série produzida aqui no Estado, pela RBS, composta de seis episódios que abrirão para nós esse universo tão peculiar, assim como o cinema faz de vez em quando.
Chama-se Primeira Geração e mostrará como vive e sente essa garotada que é a primeira fornada dos anos 2000, os futuros adultos que assumirão nosso lugar.
Eu assisti a um dos episódios e fiquei realmente tocada com a sensibilidade e qualidade do projeto. Se puder, assista. Não é sempre que o mundo infantil recebe o respeito que merece. Aos sábados, às 12h20min.
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