domingo, 11 de novembro de 2007


ELIANE CANTANHÊDE

Tupi or not Tupi

BRASÍLIA - O Brasil e os brasileiros têm uma boa promessa a longo prazo e uma ameaça imediata. O campo de Tupi, na bacia de Santos (SP), poderá render 8 bilhões de barris de petróleo e gás natural, se a prospecção for adequada, se houver investimentos à altura, se essa expectativa afinal se confirmar. E só deve começar a produzir uns três ou quatro anos depois de 2010. Se... tudo der certo.

Já a ameaça de racionamento de gás é uma realidade bem mais palpável, tanto que o preço pode aumentar em até 25%, o Brasil empurra a Petrobras de volta para o colo de Evo Morales e o gás dos consumidores do Rio e de São Paulo foi desviado para as termelétricas.

A diferença é que o governo resgatou a máxima do então ministro Rubens Ricúpero, mais ou menos assim: "o que é bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde".

Faltou planejamento nesses seis anos, e a energia é fator de alerta para empresas e para novos investimentos, mas, num passe de mágica, o que se discute é Tupi. Lula é um homem sabidamente de sorte, e o governo é bom de marketing, sabe tirar proveito dessa sorte. O foco mudou, as manchetes mudaram.

Ninguém mais ousa dizer que Lula pode repetir FHC até no "risco de apagão", e ele já é chamado por Hugo Chávez, com ironia ou não, de "magnata do petróleo". Magnata e também magnânimo.

Em vez de fazer ele próprio o anúncio de Tupi, ou de encarregar o presidente da Petrobras de fazê-lo, Lula destacou Dilma Rousseff para brilhar sob os holofotes.

Retirou dela a sombra dos erros na área de energia (que ela comanda) e jogou luzes no seu nome no rol de presidenciáveis. Sem ônus pelos erros, com bônus pela sorte.

Se Tupi for mesmo todo esse Tupi, ótimo para o Brasil, para Lula e para Dilma, ufa!, salva pelo gongo. A única curiosidade será qual o destino que o "magnata do petróleo" vai dar à cruzada dos biocombustíveis. elianec uol.com.br

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