segunda-feira, 26 de novembro de 2007



26 de novembro de 2007
N° 15430 - Kledir Ramil


A medida das coisas

Há 4 mil anos, os pés e as mãos eram usados como instrumentos de medida. Como obviamente havia gente de todos os tamanhos, a bagunça era geral.

No século 17, resolveram padronizar as unidades de comprimento de acordo com o pé e o polegar do rei. Nos EUA, até hoje essa é a referência - pés e polegadas - e, se é que há uma atualização, a polegada deve corresponder ao dedão do George W. Bush.

Em 1791, foi instituído na França o Sistema Métrico Decimal, baseado numa "constante natural" e não nas medidas do corpo de alguém. Pegaram um meridiano da Terra, dividiram por 40.000 e nasceu o metro.

Atualmente, existem métodos mais modernos para definir o metro, como o trajeto da luz no vácuo durante 1/299792458 segundos. Mas o mais prático mesmo é ir até o armarinho da esquina e comprar uma fita métrica.

Medir é importante. E usando uma régua determinada. Imagine um mundo sem medidas, onde cada um faz o que bem entende. Você compra uma lâmpada, chega em casa e ela não encaixa no bocal.

Vai tomar uma sopa e a colher não cabe na sua boca. Diz a lenda que Tim Maia chamou um arquiteto, mostrou mais ou menos onde era o terreno e mandou construir uma casa. Metade ficou em cima do terreno do vizinho.

Além de regras para avaliar o tamanho das coisas, também foram criadas bases de comparação para a temperatura, o peso, a pressão, o volume.

E foi preciso inventar a moeda para se estabelecer o valor de cada coisa. Quanto dinheiro vale meu trabalho? E o seu? Quanto vale um cavalo? Depende. Ricardo III, num momento de desespero, chegou a oferecer "meu reino por um cavalo!".

Quanto vale uma canção? Mais que 1 kg de alcatra? O Radiohead acaba de lançar um novo disco e o preço quem determina é o cliente. É um acontecimento histórico. Poderia ser assim nos supermercados.

Quanto vale uma obra de arte? Picasso tinha o hábito de pagar suas contas em restaurantes desenhando uma pomba num guardanapo de papel. Era simples para ele e um ótimo negócio para o dono do estabelecimento.

Certa noite, depois de pagar o jantar com um rabisco qualquer, recebeu do bem-humorado garçom um papel com o desenho de uma árvore. Era o troco.

Há pouco tempo, uma amiga por quem tenho grande carinho, me apresentou seu "melhor amigo". De brincadeira, questionei indignado: "Por que não eu? Qual o seu critério de avaliação?".

Como se medem os sentimentos? Quanto você gosta? Minha filha, quando pequena, dizia que me amava "mais que o infinito do universo".

Quanto você deseja? Quanto machuca? Qual o peso da sua dor? O tamanho da sua alegria? Se alguém tiver um aparelho, me diga.

Ótima segunda-feira e uma excelente semana para todos nós. Esta que encerra Novembro e já trás dezembro o último mês do ano.

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