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segunda-feira, 19 de novembro de 2007
19 de novembro de 2007
N° 15423 - Paulo Sant'ana
Solução para a crise
Enquanto o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, tratou de antecipar o 13º salário dos servidores estaduais que ganham menos de R$ 950, aqui a solução para o pagamento dos barnabés estaduais do Poder Executivo, segundo se anuncia, é parcelar o 13º salário.
A crise estadual é tão grande, que o 13º salário, criado para suprir os gastos com as festas de Natal e Ano-Novo, aqui no RS será pago no ano seguinte, em suaves prestações mensais.
A idéia do parcelamento deve ter sido copiada do já parcelado salário dos servidores estaduais do Poder Executivo. Quem ganha acima de R$ 1.950 está recebendo já em duas vezes.
É genial a idéia do parcelamento, antes mesmo de ela vir a ser adotada eu já tinha bolado uma maneira de a governadora conceder os reajustes de vencimentos de todos os servidores estaduais, que na marcha que vão estarão completamente miserabilizados dentro de dois anos.
A minha idéia é a seguinte. A governadora concede 100% de reajuste a todos os funcionários públicos, o que suavizaria as perdas gritantes e desumanas dos últimos anos.
Evidentemente que não sou idiota a ponto de sugerir que se aumente em 100% os ganhos do funcionalismo estadual se o governo não tem dinheiro para pagar nem os vencimentos atuais.
Eu não sou idiota, eu sou um gênio, certifique-se disso a seguir.
A governadora chamaria as entidades representativas dos funcionários e por consenso adotaria a seguinte medida: o governo se comprometia a reajustar os vencimentos de todos em 100%, o que soaria como um maná caído do céu para o funcionalismo.
E, por outra parte, o funcionalismo concordaria em receber os seus vencimentos com três ou quatro meses de atraso.
Fiz as contas e vi que seria facílimo para a governadora adotar essa medida. O Tesouro estadual folgaria por três ou quatro meses, deixando de pagar a folha, que é o item mais avassalador da despesa, depois brindaria o funcionalismo público com vencimentos 100% reajustados, o que jamais será alcançado pelo funcionalismo nos próximos cem anos, a julgar por esse deserto íngreme de reajustes que não vêm sendo dados nos últimos 12 anos.
Se, no entanto, o funcionalismo alegasse que não poderia sobreviver se os vencimentos atrasassem em três ou quatro meses, a governadora contraproporia que em quatro ou cinco meses os funcionários iriam receber apenas 30% dos seus vencimentos reajustados, para fazer frente às despesas fundamentais (eu sei que dirão os derrotistas que todas as despesas são fundamentais para quem vem sendo miserabilizado por torpes e sucessivos governos), em seguida a isso perceberiam seus vencimentos reajustados em 100% todos os meses.
Os atrasados, aqueles 70% que os funcionários deixariam de receber mensalmente durante os primeiros meses, seriam pagos lá adiante.
Os leitores hão de pensar que estou brincando ou fiquei louco. Não é nada disso. Nunca me vi tão lúcido.
Se adotar esse sistema, o governo estadual fará justiça salarial a seus servidores, os tirará da miséria.
Lógico que haveria a grita burra de sobre o que iriam sofrer os funcionários por receber só 30% durante alguns meses.
Mas na bonança que seriam os restante meses vindouros, com 100% de reajuste, já pensaram?
Fiz as contas. Este é o único tipo de salvação para as finanças estaduais. Repito: não há cura sem remédio amargo.
E estou propondo uma cura com remédio amargo, mas logo em seguida com elixir de vida e de prosperidade.
Crise se resolve com sacrifício e talento.
Por três ou quatro meses, o funcionalismo entra com o sacrifício. E o talento desta minha idéia os regenerará para sempre. E ao Estado.
Porque o contrário é o que vai acontecer e já está acontecendo: não têm nada de reajuste há 12 anos e os vencimentos estão atrasando.
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