Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
19 de novembro de 2007
N° 15423 - Luiz Antonio de Assis Brasil
Palavras (19)
Primeiras palavras - A primeira palavra de um infante é aguardada com esperança, com amor. Naquela palavra todos julgarão escutar um destino. Ao primeiro balbucio pensarão ouvir mamã, papá. Em alguns casos, o infante apenas exercitará a delícia de sua própria voz.
Alguns manterão por toda a vida esse enlevo por si mesmos.
Água - As tias velhas contavam que minha primeira palavra foi "água!". Como eram surdas, poderia ser isso ou qualquer outra coisa.
Minha mãe sorria. Ela possuía dentes alvíssimos e frios. Venerava uma hagiologia pessoal regida por Santo Antônio de Lisboa. Para ela, eu dissera "salve Santo Antônio".
Assim creio que foi. Quero crer.
O segredo - A real primeira palavra, a verdadeira, é jogada ao silêncio, ao vazio, ao nada. Não há ninguém por perto. Um descuido da babá, da mamã, da vovó, e ele diz a palavra secreta.
Ele irá escondê-la de si mesmo por toda a vida. É a palavra que irá dizer antes de cerrar os olhos.
E todos julgarão ser a última.
O Paraíso - As primeiras palavras de um velho tolo, ao adentrar as portas celestiais, serão: "Como isto aqui é antigo, cheio de luz, alegre!" Ele terá o gosto de viver o contrário do que experimentava após a chegada de sua antiqüíssima velhice, com sua triste escuridão, com suas dores.
Já os que aprenderam a pactuar com as secretas delícias da senectude, estes não encontrarão novidade no céu. O tolo, portanto, será recompensado por sua bem-aventurada tolice.
Egito - Na lenda, certo menino do antigo Egito não falava. Seus pais julgavam haver infringido alguma lei. Consultaram um sacerdote da religião reformada, o qual olhou para o Sol-Aton, o deus criado pelo herético faraó Akhenaton. Cego pela luz e inundado pelo espírito da divindade, o sacerdote disse aos pais que o menino falaria.
Esse menino errava pelas margens do grande rio, olhando as barcaças que subiam a corrente. As barcaças levavam pedras colossais para a cidade de Akhetaton. Ele apenas apontava mudamente para as barcaças.
Quando soube do massacre dos sacerdotes da antiga religião, o menino sentou-se numa pedra e pôs-se a falar, a falar, e assim falou por dias, semanas, anos, contra a injustiça, até que sua fala fez morrer o herético Akhenaton.
Eis o poder das primeiras palavras.
Eis uma lenda que deveria existir.
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