terça-feira, 13 de novembro de 2007



13 de novembro de 2007
N° 15417 - Paulo Sant'ana


A indústria das reprovações

É espantoso que a estrutura hermafrodita do Detran, em que ele, ao mesmo tempo em que é banca examinadora dos candidatos a motorista, mantém também sob seu controle os CFCs, que impõem cursos de direção prática e teórica aos candidatos, tenha sido urdida para locupletar o bolso dos servidores públicos envolvidos com a fraude.

Está tudo errado. Tudo tem de ser agora corrigido, inclusive, é claro, o preço absurdo da carteira de habilitação no RS.

Ao Detran só cabe examinar os candidatos nos exames. A instrução dos candidatos tem de ser feita pela iniciativa privada, sem qualquer controle do Detran.

Do jeito que está, é um absurdo, seria o mesmo que a universidade impusesse o vestibular e fosse controlar os cursinhos e associar-se a eles. E fosse principalmente lucrar, como o Detran lucra cruelmente, com os candidatos que rodassem no vestibular.

Cerca de 50% dos candidatos que prestam exames para ganhar habilitação rodam nos testes do Detran. São dezenas de milhares.

E cada vez que um candidato roda, ele tem de pagar mais R$ 150 de taxas.

Há candidatos que são reprovados em quatro, cinco, seis vezes. E, a cada vez que são reprovados, pagam novas taxas para o Detran.

Evidentemente que se cria então a indústria da reprovação.

E, junto com ela, a indústria da elaboração das provas, que segundo a Polícia Federal serviu a um objetivo quase que exclusivo: encher os bolsos dos dirigentes e servidores do Detran e das fundações que se envolveram com as fraudes.

Quanto mais reprovações e novos exames fossem engendrados, mais lucravam com as fraudes os que se locupletaram com elas.

Vejam o que narra uma das vítimas: "Prezado SantAna: volto a te colocar mais fatos sobre o terrorismo no exame de direção para obter o direito de condutor de veículos em nossa cidade.

No dia 8, no bairro Jardim Itu, junto ao bairro Planalto, fazia 30°C de calor, não havia sequer onde saciar a sede, pois trata-se de um bairro residencial e os examinandos com sede, nervosos, aguardando desde as 14h30min sua hora do calvário, ocasião em que, no máximo, são aprovados um ou dois condutores. A maioria é reprovada.

Os examinadores se munem de caixas térmicas, pois se programam para assistir saciados em sua sede aos sofrimentos por que passam TODOS OS EXAMINANDOS!! Resta a estes o sufrágio vergonhoso de, a cada sessão de tortura, pagarem R$ 150 (sendo R$ 80 o exame, R$ 20 o aluguel do carro e mais R$ 70 de duas horas de treinamento para, assim, tentarem a garantia de aprovação) (o erro de cálculo é da leitora) e, após, assistirem aparvalhados a sua própria derrota.

Meu marido, o Sr. Arilado João da Silva, que trabalha como zelador de condomínio, é uma pessoa humilde e honesta. Já foi reprovado quatro vezes, gastou R$ 600 a mais (fora R$ 800 p/ aulas teóricas, exames médicos e exame de legislação do trânsito).

Ficou abalado, doente, desesperançado e terá que investir mais R$150 se quiser, de novo, suportar mais um ato de terrorismo, marcado para 22 de novembro de 2007. Será aprovado desta vez? Só Deus sabe! A quem recorrer para pedir socorro?

Não seria o caso de pedir uma indenização ao Estado por perdas e danos promovidos pelo sistema implementado pelo órgão examinador? Ajude-nos, SantAna, a terminar com esse verdadeiro corredor da morte! Muito obrigada, (as) celiasifronio@bol.com.br).

Esse terror e essa exploração financeira das pessoas têm de acabar. O Estado (ou os autores da fraude) não pode continuar lucrando com as reprovações em massa.

É lógico que há interesse financeiro nas reprovações, ora bolas.

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