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segunda-feira, 26 de novembro de 2007
26 de novembro de 2007
N° 15430 - Paulo Sant'ana(Alexandre Bach - Interino)
Estelionato e barreiras
Nos últimos dias, fui parado duas vezes por estas barreiras móveis que a Brigada Militar têm feito pelas ruas de Porto Alegre.
Nas duas oportunidades, fui muito bem tratado pelos soldados que me abordaram. Pediram os documentos do carro e do motorista com educação, conferiram rapidamente a legalidade de ambos e me dispensaram com um cordial "boa noite".
A primeira parada, aliás, foi muito produtiva pra mim: descobri que o meu carro estava alienado por um grande banco nacional, pois havia sido "vendido" para uma pessoa em Pelotas com financiamento do banco.
O golpe, dia desses, apareceu na tevê, com outras vítimas. Evidentemente que, para não estragar o humor do prezado leitor neste início de semana, vou poupá-lo de conhecer o meu calvário junto ao banco para regularizar a situação em que eu era a vítima.
A segunda barreira, acredito, foi útil para a comunidade. Foi montada na Avenida Princesa Isabel, na noite de sábado passado. Para minha surpresa, a via estava tranqüila, com algum movimento comportado em frente aos bares das imediações.
Tenho certeza de que os moradores da área agradeceram muito aos soldados que ali ficaram, espantando os participantes dos rachas que, tradicionalmente, transformavam a pista num inferno e garantindo uma noite de sono tranqüilo para a vizinhança.
Lembrei das duas situações ontem, num desses eventos sociais que te levam a reencontrar amigos, rever conhecidos, conviver por algumas horas com gente que tu ficas dias e dias sem ver. Na roda de conversas, as críticas eram exatamente para essas barreiras da Brigada.
Elas atrapalham o trânsito. Elas deixam o tráfego lento nas imediações. Elas te fazem perder tempo quando tu cais numa delas. Elas só param a gente, que é honesta, nunca param os marginais.
Enfim, ouvi uma série de argumentos contra as operações móveis. Pouco apoio.
Noutra roda de conversa, esta envolvendo gente com quem me relaciono apenas formalmente devido à minha profissão, há alguns dias, também ouvi queixas sobre a ferocidade da polícia (principalmente dos federais) e da Justiça em investigar crimes e punir culpados.
O interlocutor relatou o caso de um conhecido empresário - coitadinho! - já condenado por 171 (o velho estelionato), que nem mais consegue freqüentar o seu círculo social (detalhe: mesmo condenado, o cara não está preso).
Unindo as duas conversas, fiquei pensando em como é difícil a sociedade perceber que ela precisa se colocar à disposição dela própria, participar efetivamente da solução dos problemas, e não apenas reclamar.
Então, não contem comigo para defender que a atuação policial contra o crime ocorra só lá na vila, onde muitos acreditam, preconceituosamente, que morem apenas marginais.
Não perdi três minutos da minha vida em cada uma das barreiras que me pararam. Saí de cada uma delas me sentindo mais seguro. Também não contem comigo para achar que a punição só serve para os outros, nunca para nossos amigos.
Não posso ter pena de um empresário que só se preocupou com a sua imagem depois de arrebentar o cofre alheio. Enquanto forrou o bolso, estava tudo bem.
Eu já decidi: faço parte das soluções, não dos problemas.
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