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terça-feira, 20 de novembro de 2007
20 de novembro de 2007
N° 15424 - Cláudio Moreno
A voz da sabedoria
Assim como nós, os antigos alimentavam a esperança de encontrar alguém que lhes mostrasse o caminho para uma vida melhor - alguém a quem pudessem perguntar sobre o certo e o errado, o bem e o mal, o valioso e o supérfluo.
Os mais sensatos confiavam no valor da experiência e procuravam pautar sua conduta pela opinião dos mais velhos; os de maior pretensão consultavam os oráculos, acreditando que ali seriam aconselhados pelo deus Apolo em pessoa.
Para o mesmo fim, a Grécia primitiva teve a sorte de poder recorrer também aos Sete Sábios, um grupo de homens excepcionais que, como os frutos de uma estação, surgiram e amadureceram todos numa mesma geração.
Eles não eram filósofos, mas isso pouco importava: de acordo com a tradição, tinham alcançado um perfeito entendimento da existência, uma notável sabedoria prática que transparecia nos seus ditos, que compunham, para o grego da época, um verdadeiro manual para viver melhor.
Infelizmente, somos obrigados a admitir que muitas de suas máximas mais conhecidas - "Respeita teus amigos", "Rico é quem pouco deseja",
"Devolve o que te emprestaram" ou "Não julgues a vida de um homem antes de seu último dia" - não encontram mais a ressonância que encontravam outrora. Nem mesmo os preceitos especiais que resolveram gravar no oráculo de Delfos escaparam da indiferença!
Segundo a lenda, os sete se reuniram um dia em Delfos para consagrar a Apolo, o deus que presidia o oráculo, os conselhos que eles consideravam mais valiosos para a vida de um homem de bem;
a partir de então, o vestíbulo do templo mais famoso da Antigüidade ostentou inscrições do quilate de "Conhece-te a ti mesmo",
"Nada em excesso", "Lembra-te de que és mortal" ou "Aprende a colher no momento certo". É incrível - e trágico! - que frases tão importantes digam tão pouco para as mentes de hoje...
Algo semelhante aconteceu na África, em 2001, quando centenas de jovens sudaneses, ameaçados de extermínio por um interminável conflito étnico em sua região, foram resgatados pela ONU e levados para os EUA.
Para quem passara toda sua vida na savana, em choças de palha, a mudança de ambiente era muito radical;
por isso, para usar como apoio nas horas difíceis, cada jovem recebeu uma fita em que os anciãos da tribo expunham os princípios que resumiam a sabedoria de seu povo: "Sejam cuidadosos com as mulheres"; "Afastem-se da bebida"; "Não se deixem fascinar pelo luxo".
Ao ler a transcrição traduzida, o público americano ficou frustrado. Ao que parece, esperava muito mais - como se existisse esse mais. São conselhos de boa conduta, não muito diferentes daqueles que gravaríamos para orientar nossos filhos.
São máximas que - aqui, na Grécia ou na África - têm o mesmo caráter ético e apontam na mesma direção: uma vida correta, baseada na moderação e no autocontrole.
É verdade que elas soam, para o homem moderno, como ingênuas frases de almanaque, mas isso só depõe contra os ouvintes de hoje, não contra quem as escreveu.
Em todas as épocas, em todos os continentes, as respostas essenciais sempre foram e sempre serão as mesmas.
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