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sábado, 17 de novembro de 2007
17 de novembro de 2007
N° 15421 - Paulo Sant'ana
A indústria da reprovação (II)
A nova diretora-presidenta do Detran, doutora Estella Maris Simon, mandou um e-mail para esta coluna, defendendo os funcionários do Detran.
A moda é desnecessariamente defender os funcionários do Detran. Desnecessário porque ninguém acusa os funcionários do Detran de qualquer desídia ou deslize.
O Sindet, Sindicato dos Servidores do Detran, por exemplo, protestou contra uma frase escrita por mim no dia 7 deste mês: "O dinheiro da fraude não foi para os cofres públicos nem para os centros de habilitação, foi para o bolso dos servidores públicos".
Evidentemente que eu não queria me referir aos funcionários do Detran - e sim aos servidores públicos envolvidos com a fraude, do Detran e da Universidade de Santa Maria.
Eu queria me referir aos funcionários públicos que lucraram com a fraude, nunca pensei em generalizar a responsabilidade, qualquer pessoa que leu só podia entender assim.
Mas, por via das dúvidas, está feito o conserto.
Mas a diretora-presidenta do Detran tenta também corrigir esta coluna: "Cabe lhe esclarecer e aos seus leitores, em respeito à enorme repercussão que exerce sua coluna, que não corresponde à realidade a afirmação de que quase 50% dos candidatos que prestam exames para ganhar habilitação são reprovados, rodam em sua expressão".
Foi isso mesmo que este colunista escreveu. E escrevi porque é a verdade.
A presidenta do Detran afirma que dados dos seis últimos meses demonstram que a maioria dos candidatos é aprovada, sendo 85% no exame teórico e 61% no exame prático.
E a doutora Estella Maris fornece os dados: na categoria A (motos), a aprovação é da ordem de 75%; na categoria B (carros de passeio), a aprovação é da ordem de 53%, na categoria C, a aprovação é de 81%, assim como também na categoria D; e, na categoria E, o índice de aprovação nos exames é de 61%.
Minha cara presidenta do Detran, assim como a senhora me manda demonstrar parece que a senhora tem razão e eu me enganei, que não seja verdade que quase a metade dos candidatos a habilitação é reprovada.
No entanto, num exame menos desatento e mais meticuloso da questão, a senhora vai notar que cerca de 90% das carteiras emitidas pelo Detran são da categoria B, as de carro de passeio, os motoristas comuns e flagrantemente majoritários nas vias das cidades e até das estradas.
Ou seja, se 90% das carteiras vão para a categoria B e se a senhora mesma, doutora Estella Maris, manda informar que na categoria B o índice de aprovação é de apenas 53%, isto é, 47% dos candidatos à habilitação são reprovados (dados da senhora), então a afirmação desta coluna de que quase a metade do total de candidatos é reprovada está correta, irretorquível.
Então, senhora presidenta, como é que o que eu escrevi "não corresponde à realidade"?
Eu possuo dados oficiais do Detran aqui comigo que dão conta de que o grande e amassante caudal de carteiras do Detran é da categoria B. E como a senhora própria demonstra, o índice de reprovação na categoria B é avassalador.
Não resta mais dúvida alguma, agora: metade dos candidatos, em geral, à habilitação são reprovados.
Portanto, permanece inalterada, agora reforçada pela presidenta do Detran, a afirmação desta coluna de que está montada uma indústria da reprovação.
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