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quinta-feira, 29 de novembro de 2007
Clóvis Rossi
Folha de S. Paulo - 29/11/2007
Exaltação da mediocridade
Fernando Haddad, o ministro da Educação, telefona para dizer que jamais afirmou que "nunca" a escola pública será tão boa quanto a particular.
O que ele disse é que, "enquanto a escola pública não se qualificar", quem pode pagar põe o filho na escola privada, que acaba tendo melhores resultados.
Feita a correção, tenho que repetir o que já disse a ele e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em breve diálogo trilateral em Londres:
está levando tempo demais para "qualificar" a escola pública. Na verdade, requalificar, porque sou filho da escola pública e, no meu tempo, a excelência era dela, não do ensino privado.
Por falar nisso, o caminho para a "qualificação" está longe de ser o insinuado pelo prefeito Gilberto Kassab, qual seja, dar um prêmio aos professores que não faltem ou faltem menos.
Não é sério premiar quem apenas cumpre a sua obrigação primária que é a de comparecer ao local de trabalho.
Se os professores faltam porque o salário e as condições de trabalho são inadequadas, que se corrijam as inadequações. E se puna quem não cumpre sua obrigação.
O educador Tião Rocha, empreendedor social 2007, diz que a escola dos sonhos dele, que deveria ser o sonho de todos, é a que faz o aluno desejar freqüentá-la também aos sábados e domingos.
Premiar professores que não querem freqüentá-la com assiduidade nem de segunda a sexta é premiar a mediocridade.
Por falar em mediocridade, os torcedores do América de Natal deveriam considerar-se "abençoados por Deus".
É verdade que ficaram em 20º lugar entre os 20 clubes da elite do futebol brasileiro.
Mas o Brasil, no IDH da ONU, ficou em 70º entre os 70 países da elite e, mesmo assim, o presidente Lula se acha abençoado por Deus. Nunca antes neste país se fez tamanha exaltação da mediocridade.
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