Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
14 de novembro de 2007
N° 15418 - Diana Corso
O filho do Homem-Aranha
Se você adquirir uma roupa de super-herói para seu filho, provavelmente haverá nela uma etiqueta solicitando que a criança seja alertada de que se trata de um brinquedo, que não habilita a voar de verdade.
Dia 9 de novembro, Riquelme dos Santos, um menino catarinense de 5 anos, trajando sua imaginação e uma camiseta do Homem-Aranha, encontrou coragem para salvar um bebê do casebre em chamas da sua vizinha, provavelmente porque ninguém o avisou disso. Ele não morreu por um triz. Por isso crianças pequenas precisam brincar com alguém de olho nelas.
Ele não deve ter sido a primeira criança a fazer alguma coisa muito perigosa em nome da identificação com algum de seus heróis.
A figura inspiradora pode até não ser "súper" em si, pode ser como Batman, cujos bat-poderes são garantidos por sua fortuna e dedicação. Em comum entre todos eles está o altruísmo e a coragem. Mas o limite entre a realidade e a fantasia, quando se é pequeno como Riquelme, é bem sutil. O hábito não faz o monge, mas ajuda.
O pessoal do futebol diz que a camiseta não só pesa como, em certos momentos, joga. Insígnias de poder nos emprestam uma força superior e as crianças, por estarem sempre entrando e saindo do reino da fantasia, são mais suscetíveis a acreditar em seus poderes mágicos.
Quando a imprensa perguntou ao pequeno herói se ele era o Homem-Aranha, ele corrigiu: "sou o filho do Homem-Aranha". Riquelme tem suas razões para escolher o lugar de filho, afinal, nosso pai de verdade pode até ser bem bacana, mas os perigos que nos ameaçam são bem maiores que ele.
Por isso, também precisamos de um pai que more na nossa imaginação.
A fantasia é fonte de autonomia e instrumento para crescer; através dela, as crianças suprem as deficiências da realidade, e por estranho que pareça, para fazer isso é preciso ser realista! Por perceberem as fraquezas dos seus pais reais, as crianças precisam brincar com esses pais de mentirinha.
Sem esse discernimento, a elas bastaria passar todo o tempo em presença dos pais de verdade, acreditando delirantemente na onipotência deles. Assim ficariam protegidas de todo o mal. O resultado disso seriam filhos totalmente dependentes, incapazes de brincar e aprender.
Os psicanalistas costumam falar em função paterna, em vez de dizer simplesmente "pai". É porque entendem a paternidade como uma tarefa muito maior do que tudo o que os pais humanos possam fazer.
A função paterna é composta também por nossos heróis e os dos nossos pais, assim como por todas aquelas pessoas reais que admiramos ao longo da vida.
Nem nós, adultos, abrimos mão de supor algo maior que supere nossas limitações. Templos, líderes messiânicos e crendices em curas milagrosas não param de proliferar.
Recentemente, presenciamos no filme Tropa de Elite à idealização dos soldados brutamontes do Bope carioca, tornados heróis pelo nosso desamparo político e existencial.
Imagine, então, como é isso para as crianças que realmente sentem na pele o que é ser pequeninas e frágeis...
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