TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Expo Favela exibe exemplos de empreendedorismo na periferia. Cerca de 20 mil pessoas devem participar da exposição, que teve início ontem e segue até a noite de hoje no Centro de Eventos da PUCRS, em Porto Alegre. Objetivo da programação é conectar as iniciativas surgidas nas comunidades mais vulneráveis com investidores e empresas.
Uma das maiores feiras de empreendedorismo da América Latina, a Expo Favela RS começou ontem, no Centro de Eventos da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre. A entrada para o público é gratuita. As atividades seguem até as 21h de hoje.
Pelo entusiasmo dos expositores e dos visitantes, a segunda edição do evento no Estado tem tudo para ser um sucesso. O coordenador da Central Única das Favelas (Cufa-RS), Júnior Torres, ressalta a importância da iniciativa, que tem foco nas favelas e nas comunidades periféricas.
- A Expo Favela contribui para a retomada econômica do Estado - afirma, dizendo que a expectativa é de que 20 mil visitantes passem pela PUC durante o evento.
A feira tem como objetivo conectar empreendedores das comunidades mais vulneráveis socialmente com investidores e empresas para gerar negócios e transformação social.
Ontem, estudantes de escolas públicas e de centros da juventude circulavam pelo espaço. Os expositores apresentavam projetos, produtos e serviços para o público. Até uma competição de estilo livre entre os barbeiros era acompanhada com entusiasmo pelos presentes.
Em paralelo, ocorriam palestras, workshops, exposições e rodadas de negócios, além de venda de livros. Também há oferta de gastronomia, atividades variadas e lojinha com produtos da Expo Favela RS.
Na parte da manhã, os jornalistas Vitor Rosa, Mary Silva e Eduardo Cardoso, da RBS TV, participaram de um painel em que puderam compartilhar histórias de resistência e solidariedade vivenciadas durante a cobertura da enchente de 2024.
Tecnologia e inclusão
Os efeitos da enchente de maio de 2024 e da pandemia de covid-19 serviram como estímulo para comunidades desenvolverem projetos para auxiliar pessoas em situações de risco. O desenhista mecânico Adílio Luis da Silva Camargo, 33 anos, é um desses casos.
Integrante da comunidade do bairro Multiforja, em Sapucaia do Sul, ele procura empresas ou empresários dispostos a investir no projeto pensado por ele e por outros amigos. Trata-se de drones para auxiliar bombeiros e Defesa Civil em situações extremas.
A Sky Key Technology, startup embrionária, ainda não tem clientes, mas desenvolve essa ideia há 10 anos. A proposta é que o drone possa carregar até 500 quilos de peso, levar recipientes com remédios e kit de sobrevivência para as vítimas de enchentes que estejam em locais de difícil acesso.
- Tudo o que desenvolvemos hoje foi com nosso custo e conhecimentos - observou Camargo.
O Grupo Marias surgiu em 2021 e tem atuação na Restinga. O projeto foi criado visando proporcionar inclusão social e autonomia por meio do desenvolvimento das potencialidades de mulheres vítimas do desemprego e da violência doméstica.
Mulheres atendidas estiveram visitaram a Expo Favela RS. No estande do grupo, há trabalhos expostos realizados no projeto.
- O que nós vendemos aqui, e ajuda a manter o Grupo Marias, são as mantas produzidas por elas e feitas durante a enchente - explica a professora Rosana Kasper. _
Jogos de tabuleiros inspiram curta-metragem
A Expo Favela RS exibe atrações desconhecidas para muita gente. Um exemplo são os jogos de tabuleiros dos povos originários, que inspirou até filme no YouTube.
- A nossa proposta é produzir um curta-metragem, que é um produto educacional - explica a professora de matemática Karine Soares da Silva, 45.
O curta foi elaborado como um produto educacional e cultural, oferecendo para a comunidade o reconhecimento de identidade, valorização ancestral e a construção de seres mais críticos, criativos e autônomos. A viabilização foi possível por meio da Lei Paulo Gustavo (Lei Complementar 195/2022).
A docente da Escola Estadual de Ensino Médio Mario Quintana, de Alvorada, conta o que consegue ensinar aos alunos por meio dos jogos.
- Eu consigo trazer a etnomatemática existente nesses jogos para dentro da sala de aula - assegura.
O filme já foi gravado e, agora, o objetivo é a produção de outros filmes, e-books e livros sobre a temática dos povos originários.
- Tem muito pouco material dela (temática dos povos originários) no mercado - conclui Karine.
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