Plástico pode ser aliado com uso adequado, dizem especialistas
Utilização consciente é uma das ações indispensáveis para a economia circular. Desafio é ampliar a destinação correta
O plástico tem sido objeto de atenção de autoridades, leis e debates sobre poluição nas últimas décadas. Segundo especialistas, o material não deve ser tratado como vilão da natureza: é importante para a sociedade moderna, capaz de ajudar na sustentabilidade. O desafio é ampliar a destinação correta para que ecossistemas e seres vivos não sejam prejudicados.
O assunto foi motivo de relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) em 2023, que destaca a possibilidade de reduzir a poluição plástica em 80% até 2040. Para isso, países, empresas e cidadãos precisam fazer "mudanças profundas".
Iniciativas políticas também têm focado na redução do material na sociedade. Desde 2018, Porto Alegre tem lei que proíbe os canudos plásticos descartáveis. Em Gramado, na Serra, legislação que proíbe a distribuição gratuita de sacolas plásticas entrou em vigor em março. Para Simara Souza, gerente do Instituto SustenPlást, a pecha de poluente não dialoga com a realidade do produto.
- Se eliminássemos o plástico, teríamos de aumentar a extração de madeira, a produção de vidro e haveria uma perda maior de alimentos. É uma demonização que não é científica. O plástico contribui para a sustentabilidade do planeta - pondera.
Simara está à frente do Tampinha Legal, programa socioambiental que fomenta a coleta de tampas de plástico em benefício de entidades assistenciais do terceiro setor. A iniciativa já recebeu 900 milhões de tampinhas que geraram R$ 4 milhões. Aliar o uso consciente à destinação adequada é uma saída indispensável para a economia circular, aponta.
Cálculos
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a mudança para uma economia circular resultaria em economia de US$ 1,27 trilhão (cerca de R$ 7,3 trilhões), se considerados custos e receitas de reciclagem. Outros US$ 3,25 trilhões (R$ 18,68 trilhões) seriam economizados com saúde, clima, poluição do ar, degradação do ecossistema marinho e custos relacionados a litígios.
Não viveríamos sem plástico, não o vejo como um vilão - resume Vanusca Dalosto Jahno, professora do Programa de Pós-Graduação em Qualidade Ambiental da Feevale.
Na Able, empresa de contact center no Tecnopuc, em Porto Alegre, a redução do uso de plásticos foi motivada por um contexto de adoção de estratégias sustentáveis, relata Sthefany Barbosa, sócia-diretora. Entre as iniciativas está o abandono de plásticos descartáveis para o consumo de bebidas. É estimulado o uso de sacolas ecológicas no lugar das plásticas. Há cuidado na separação dos resíduos. Na entrada da empresa, uma caixa de papelão é utilizada para o recolhimento de eletrônicos, entre outras ações. _
As dicas - Orientações da ONU para reduzir o plástico
Escolher produtos reutilizáveis em vez de descartáveis.
Solicitar a supermercados, restaurantes e fornecedores o abandono de embalagens de plástico de uso único e apoiar inovações para evitar o uso de plástico descartável em produtos e embalagens.
Escolher produtos de higiene pessoal sem plástico. Esse tipo de item é uma importante fonte de microplásticos, que chegam aos oceanos diretamente dos nossos banheiros.
Durante viagens, levar a própria garrafa reutilizável e usar protetor solar próprio para recifes, sem microplásticos.
Pedir às escolas, universidades ou locais de trabalho que proíbam o uso de plástico descartável e removam plásticos prejudiciais de suas cadeias de suprimentos.
Solicitar às autoridades locais que melhorem a gestão de resíduos.
Incentivar os tomadores de decisão a apoiar políticas para uma economia circular de plásticos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário