O G20 declara, a COP decide
A declaração do G20, no Rio, saiu enquanto aqui, em Baku, os negociadores da COP29 dormiam. Ao amanhecer, a leitura da maioria era de que, enquanto os chefes de Estados reunidos no Brasil declaram intenções, a COP29 decide. Está correta a análise: embora reúnam 80% do PIB mundial, emitem o mesmo percentual de gases de efeito estufa. Essas nações indicam para onde caminha a humanidade em termos financeiros, mas o fórum do Rio não tem poder de decisão.
A interpretação em Baku é de que o documento assinado no Rio é positivo, mas seu real impacto sobre o financiamento climático (a chamada Nova Meta Coletiva Quantificada) ainda é incerto. A taxação sobre os bilionários foi entendida como uma senha para os países ricos "encontrarem o dinheiro que dizem não existir para fornecer às nações em desenvolvimento".
Embora a ausência no documento de qualquer menção à redução do uso de combustíveis fósseis tenha frustrado ambientalistas, a citação sobre a necessidade de trilhões de dólares, e não mais bilhões, para financiamento climático, na declaração do Rio, é sinal político positivo.
Estima-se que o mundo precise de cerca de US$ 6,5 trilhões por ano, em média, até 2030, para a transição da economia. Isso inclui investimentos para a redução de emissões e para adaptação, outro ponto de consenso do G20, que também pode influenciar as discussões em Baku. _
Dobradinha de países
No campo diplomático, começa a haver articulação, em Baku, entre Brasil e Reino Unido. O primeiro porque sedia, em 2025, a COP30, em Belém, e não quer ver a conferência atual fracassar. O segundo porque foi a última sede da conferência em um país desenvolvido, em Glasgow, em 2021. _
Ajuda gaúcha
A experiência adquirida na enchente de maio no Vale do Taquari levará a startup Uniteg, do Tecnopuc, a auxiliar o governo de Valência, na Espanha, no desastre climático. A plataforma Safe City, desenvolvida pela startup, auxilia na gestão de famílias, monitora moradias afetadas e ajuda no apoio logístico. _
O case RS
A tragédia no RS permeia vários painéis no pavilhão brasileiro na COP29. Ontem, foi dia dos secretários de Meio Ambiente Marjorie Kauffmann (Estado) e Germano Bremm (Porto Alegre) e do diretor-presidente da Fepam, Renato das Chagas e Silva, falarem sobre projetos de adaptação no painel Recuperação e Resiliência: o caminho do RS na superação dos desafios climáticos e na construção de infraestruturas resilientes. O ministro da Secom, Paulo Pimenta, foi anunciado como painelista, mas não compareceu, informando incompatibilidade de agendas. A cadeira ficou vazia.
Hoje, Marjorie representa o Estado na abertura da reunião ministerial sobre urbanização e clima, promovida pela presidência da COP29, a ONU Habitat. Falará sobre as ações de reconstrução do Plano Rio Grande e o papel dos governos subnacionais no enfrentamento das mudanças climáticas. _
Saúde mental
O superintendente regional do Sesi-RS, Juliano Colombo, protagonizou momentos de reflexão na COP29 ao contar a tragédia das águas no RS, equilibrando estatísticas e histórias do drama humano. No painel Mudanças Climáticas e Impactos na Produtividade do Trabalhador - case Rio Grande do Sul, no pavilhão da CNI, alertou para o impacto da tragédia na saúde mental dos trabalhadores. Durante a cheia, o Sesi-RS recebeu apoio de R$ 65 milhões do Conselho Nacional para assistência, restabelecimento e reconstrução das comunidades. _
De olho em Belém
Aproveitando o ambiente de negócios propiciado pela COP29, Maurício Otávio Barcellos Castillos e Luciano Balen, da gaúcha Marcopolo, estiveram em Baku conversando com autoridades de Belém. Apresentaram o protótipo do primeiro ônibus híbrido movido a etanol como sugestão para o transporte durante a COP30, em 2025. _
Sabe qual foi o impacto por aqui da retirada da Argentina da COP29? Zero. Um negociador brasileiro, sob anonimato, disse à coluna que Javier Milei faz muito barulho, mas, na prática, sua gritaria pouco influencia o debate.
Nenhum comentário:
Postar um comentário