quinta-feira, 14 de novembro de 2024



14 de Novembro de 2024
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Lula, o pacote e as suas circunstâncias

Há um mês o país debate um pacote de corte de gastos para obter o que o Banco Central (BC) chamou, correta e diplomaticamente, de "redução de crescimento" das despesas. Uma das circunstâncias é o mercado financeiro: a percepção de inconsistência da política fiscal faz o dólar subir, aumentando a inflação, e os juros futuros escalam.

Deveria vir depois das eleições municipais, mas houve outra circunstância: a vitória de Donald Trump é mais um fator de pressão cambial, porque 11 entre 10 economistas avaliam que o dólar vai se valorizar ante a maioria das moedas, real incluído.

Discutir com todos os envolvidos como fazer a "redução do crescimento" dos gastos virou um drama prolongado. O que o BC quis dizer com a expressão correta e diplomática é que a missão do governo Lula é corrigir duas decisões tomadas na atual gestão: a revinculação dos gastos com saúde e educação à receita e o aumento real do salário mínimo.

E nunca é demais lembrar: o arcabouço fiscal substituiu o teto de gastos, que limitava gastos federais à variação da inflação, inclusive saúde e educação. Ao fazer a troca, a equipe econômica ignorou o alerta de que o ajuste baseado em arrecadação elevaria a receita e levaria junto os mínimos de saúde e educação.

Na próxima semana, ocorre no Brasil a reunião de cúpula do G20, o grupo das maiores economias do mundo. São esperados chefes de Estado que vão testemunhar a reação - genuína ou fabricada - a um ajuste. Thomas Traumann, ex-ministro das Comunicações no governo Dilma que conhece bem boa parte dos envolvidos, avalia que o pacote só vem depois que o último chefe de Estado sair do Brasil.

A decisão está nas mãos de um presidente que já vestiu macacão de operário. A principal medida seria a limitação de aumento real (acima da inflação) do salário mínimo a 2,5% ao ano. Reduzir o aumento real do mínimo tem forte impacto na previdência e no Benefício de Prestação Continuada (BPC), duas dores de cabeça em crescimento de despesas. Afeta a biografia e os aliados históricos de Lula. É por isso que o presidente cobra - sem efeito visível - ajuste não só no "andar de baixo" da economia, mas no Congresso, no Judiciário e até em subsídios públicos para empresas. As circunstâncias condicionam data e recheio do pacote. _

super-ricos

A especulação de ontem foi a suposta tentativa de incluir a taxação dos super-ricos no anúncio do pacote. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, rebateu dizendo que não haverá antecipação da reforma tributária sobre a renda. Disse que "todas as rubricas, na medida do possível, devem ser incorporadas a essa visão geral do arcabouço para que ele seja sustentável no tempo", reforçando a possibilidade de limitar o aumento real do salário mínimo a 2,5%.

Javier Milei mandou delegação a Baku só para fazer cena de retirada da sala? Poderia ter cortado a viagem com motosserra.

Papai Noel da Coca-Cola trará 900 cestas básica ao RS

O Papai Noel da Coca-Cola Fem- sa Brasil, fabricante de produtos da Coca-Cola, chega ao Rio Grande do Sul amanhã. Caminhões iluminados vão passar por 18 cidades, começando em Passo Fundo e encerrando em Gramado e Canela em 21 de dezembro. Em Porto Alegre, será em 20 de dezembro. Um caminhão extra vai trazer doação de 900 cestas básicas para entidades do Estado. O embalo será de música natalino-tradicionalista, composta por Neto Fagundes, Renato Borghetti, Ernesto Fagundes, Neuro Júnior e Pedro Borghetti. _

Quem, afinal, cumpre escala de 6x1 no Brasil

Como os autores da PEC do fim da escala 6x1 já admitem que o objetivo não é o 4x3, mas o 5x2, quem, afinal, seria o alvo? A jornada de 44 horas permite seis dias de 7,34 horas diárias. No Brasil, a maioria dos profissionais cumprem essa escala no comércio e em hotéis, bares e restaurantes, com jornadas de sete horas e 20 minutos, seis dias por semana.

Para efeito da grande divisão setorial da atividade econômica - agropecuária, indústria e serviços -, o comércio está no último grupo, responsável por cerca de 70% do PIB do país e por cerca de dois terços dos número de empregos no Brasil. Não é um impacto pequeno, tanto de benefícios quanto de riscos, mas há mérito no debate. _

Entrevista

Felipe Jorge

Diretor-superintendente da Refinaria de Petróleo Riograndense

"Estamos nos preparando para ser a primeira biorrefinaria"

É coincidência o avanço do projeto durante a COP29?

Sim, assinamos o contrato de tecnologia para diesel verde e SAF (sigla em inglês para combustível sustentável de aviação) com a dinamarquesa Topsoe há 10 dias. Estamos nos preparando para ser a primeira biorrefinaria completa, com operação 100% renovável do Brasil.

? Em que fase está?

Começamos a primeira no ano passado, fazendo teste para validar a tecnologia da Petrobras/Cenpes que vai nos permitir fazer bioGLP (gás de cozinha renovável) e químicos verdes. Não tem grande investimento, adaptamos unidades existentes.

E a próxima?

Em paralelo, estudamos a produção de SAF e diesel verde em Rio Grande. Definimos que a tecnologia será da Topsoe, referência para produzir óleos vegetais. A decisão final sobre essa etapa será tomada entre julho e agosto de 2025. Hoje, a estimativa de investimento é de US$ 900 milhões (R$ 5,2 bilhões no câmbio atual), mas precisamos avançar em definições para ter valor mais exato.

Como financiar esse projeto?

Existem diferentes modalidades, e com grande necessidade de recursos, o mais provável é que se use pouco de cada coisa. Temos uma vantagem competitiva que é usar parte dos equipamentos, especialmente tanques de armazenamento e dutos.

Como será a transição física?

Vamos instalar os equipamentos novos em área diferente e manter os atuais operando. A capacidade é de 17 mil barris/dia. Uma refinaria pequena, hoje, tem cerca de 200 mil. Para ser competitiva, precisaria aumentar de tamanho 10 vezes. Mas a escala das biorrefinarias é de cerca de 20 mil barris/dia. Deixamos de ser pequena refinaria para ter escala mundial. _

GPS DA ECONOMIA

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