Brasil cita o RS em carta à ONU
Pela primeira vez na história, o documento com as metas de redução de gases de efeito estufa apresentados pelo Brasil cita a diminuição do uso de combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão). A carta-compromisso foi entregue ontem pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, às Nações Unidas, durante a COP29, em Baku.
O documento começa com citações à enchente de maio no Rio Grande do Sul, para embasar o papel do país como protagonista nas questões climáticas. "O Brasil passou em 2023 e 2024 por tragédias que comprovam que a mudança climática já se impõe. O país sofreu com secas na Amazônia e chuvas extremas em suas cidades, incluindo enchentes que abateram o Rio Grande do Sul e sua capital, Porto Alegre", diz a carta.
A meta é conhecida como NDC, sigla em inglês para Nationally Determined Contributions (Contribuição Nacionalmente Determinada). Cada parte - normalmente representada por um país, a não ser em casos em que uma parte é um grupo, como a União Europeia - que assinou o Acordo de Paris, em 2015, se comprometeu a divulgar suas metas, a serem atualizadas até fevereiro de 2025.
No novo documento, o Brasil se compromete a cortar emissões de 59% a 67% em 2035, em comparação com os níveis de 2005. Essa é a segunda NDC brasileira - a primeira foi em 2016, e não constava como compromisso a diminuição no uso dos combustíveis fósseis (nem nas três atualizações posteriores). _
Estádio escondido
A COP29 realiza-se no Estádio Olímpico de Baku, no Azerbaijão, mas, na verdade, pouco se enxerga da arena de futebol propriamente dita. Depois que se ingressa na área da conferência, não há janelas, e o ambiente é climatizado. Um dos únicos pontos a partir do qual é possível se ter uma ideia da estrutura montada dentro do estádio é do primeiro andar das arquibancadas, por uma escada estreita que leva aos escritórios das delegações (foto). _
Argentinos fora
Por ordem do presidente Javier Milei, a delegação argentina presente em Baku abandonou a COP29. O grupo já era pequeno, composto apenas por técnicos, sem a presença de políticos, uma vez que não existe mais o Ministério do Meio Ambiente no atual governo.
Trata-se do primeiro sinal concreto de que Milei deve abandonar o Acordo de Paris, a exemplo do que será feito por Donald Trump, que assume em 20 de janeiro nos EUA. _
Marina e o Estado
Ao deixar a COP29, ontem, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, conversou com exclusividade com a coluna sobre a citação do RS no documento entregue à ONU.
- Tenho um sentimento de profunda solidariedade com o povo do RS e um desejo de que a gente consiga atacar as causas, a questão das emissões de CO2, e, ao mesmo tempo, a gente consiga se adaptar, porque as mudanças climáticas já aconteceram e os efeitos já estão acontecendo. Então, a gente vai ter de transformar a nossa mentalidade e nossos modelos de desenvolvimento. É essa mensagem que o Brasil traz - afirmou. _
A coluna errou
O secretário do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade de Porto Alegre, Germano Bremm, foi incorretamente identificado em foto publicada nesta página na edição de ontem. Quem aparece na imagem é o vereador Jonas Reis (PT). A coluna pede desculpas aos dois. _
INFORME ESPECIAL
Nenhum comentário:
Postar um comentário