Na 4ª maior economia mundial
País escolhido para a largada da missão gaúcha à Ásia, o Japão enfrenta hoje desafios como outras economias, porém em uma base avançada de tecnologia e estrutura. O país chegou a passar os Estados Unidos como a maior economia do mundo pela sua indústria potente entre as décadas de 1950 e 1990, mas enfrentou bolhas imobiliária e financeira na década de 1990, que o levaram a décadas de deflação, que fez salários caírem puxando o poder de compra das famílias. Foi quando adotou uma política monetária de juros baixíssimos. O consumo despencou e os investimentos fugiram de ativos de risco. Em 2010, a China assumiu o posto de segunda maior economia, que o Japão ainda vinha sustentando.
Mas, a partir de 2022, a inflação subiu para mais de 2%. Isso fez as empresas elevarem a remuneração dos funcionários. Com isso, em 2023, o PIB japonês cresceu 1,9%, uma alta moderada, puxada pelo consumo das famílias, mas segurada por uma recessão no final do ano. De terceira, caiu para quarta economia mundial, ultrapassada pela Alemanha.
Ainda assim, está entre as potências mundiais. O Brasil fica em nono, com pouco mais da metade dos US$ 4,1 trilhões do Japão. Sua força tecnológica é vista nas coisas mais simples do dia a dia, como o aparato de equipamentos dos taxistas aos banheiros cheios de botões. É um dos principais países fabricantes de veículos, eletrônicos e máquinas, com uma forte cultura empresarial, sendo berço das gigantes mundiais Toyota, Sony e Nintendo.
Assim como o Brasil e tantos países, a economia japonesa enfrenta o risco da desaceleração dos Estados Unidos e da China, para onde exporta máquinas e chips. Enquanto isso, o governo aposta na recuperação baseada no consumo da própria população, que sobe com os salários ainda em elevação. Diferentemente do Brasil, o Japão quer esta inflação, em um patamar saudável de 2%. Preocupa quando ela é provocada pela desvalorização da sua moeda, o iene, em relação ao dólar, pois impacta o custo de vida e retrai os gastos das famílias. Recentemente, por este motivo, elevou a taxa de juro para atrair dólares, mas parou e talvez o faça novamente em dezembro.
Mudanças climáticas e envelhecimento da população são outros desafios japoneses, assim como da economia gaúcha, o que a coluna detalhará nos próximos dias. Estes fatores estão na agenda de quatro dias da comitiva aqui no Japão. _
A coluna fará a cobertura da missão gaúcha à Ásia para Rádio Gaúcha, Zero Hora, GZH e RBS TV.
MPF e os cânions
Para esclarecimentos sobre o imbróglio da concessão dos cânions de Cambará do Sul, o Ministério Público Federal reuniu Urbia, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio) e prefeitura. A concessionária argumentou que não consegue construir atrações por restrições de regularização fundiária e o ICMBio respondeu que o contrato sinalizava onde construir. O prefeito Ivan Borges voltou a apontar que preços altos espantaram turistas. A empresa culpa estradas precárias e chuvas. O MPF sugeriu dividir o preço do ingresso, que abrange dois cânions por R$ 102. Urbia disse que o contrato não permite, mas ICMBio argumentou que autoriza, sim.
A procuradora Flávia Rigo Nóbrega retomará as reuniões em janeiro, chamando o governo do Estado, embora a concessão seja federal. Aqui de Tóquio, o secretário do Turismo, Ronaldo Santini, disse que o Estado entraria no processo como interessado. _
Entrevista Diego Sousa - Coordenador de Relações Internacionais de Shiga
"Sozinhos não somos tão fortes"
Reativar a parceria com Shiga, província-irmã do RS desde 1980, levará a troca de informações sobre prevenção a enchentes, afirma o coordenador de Relações Internacionais do governo de Shiga, Diego Souza.
Por que um brasileiro neste cargo?
Temos 9 mil brasileiros. Há escolas brasileiras, muitos trabalhadores em fábricas que nem falam japonês. É um esforço para que sejam atendidos, tenham documentos traduzidos e intérpretes.
Qual a importância da retomada da "irmandade"?
Como vimos na enchente no RS, a mudança climática vem ocorrendo. Tanto Shiga quanto RS renovaram a percepção de que sozinhos não somos tão fortes quanto juntos.
Como previnem desastres?
Há regras para construção de casas, que precisam ter pelo menos dois andares em áreas com risco de enchente. No segundo piso, precisa ter rota de evacuação. As estruturas dos prédios são preparadas para terremotos. Crianças são treinadas desde pequenas.
Como é viver em Shiga?
Maravilhoso. É um povo muito receptivo. Alimentos são frescos, transporte extremamente confiável, divisão de renda muito irmã. Mesmo quem faz um trabalho simples tem uma vida digna. _
Dragagem de Itapuã
Foi contratada a Ster Engenharia para fazer a dragagem emergencial do canal de Itapuã, onde navios têm encalhado. Aqui, na missão gaúcha no Japão, o presidente da Portos RS, Cristiano Klinger, disse que o serviço começa nesta semana, com custo de R$ 8,8 milhões. A navegação prosseguirá durante a obra. As próximas prioridades são: Pedras Brancas, Feitoria, São Gonçalo e Leitão. Lembrando que foram aprovados recentemente R$ 731 milhões do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs) para dragar todas as hidrovias.
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