quinta-feira, 2 de junho de 2022


Uma autuação a cada 20 minutos em Porto Alegre

Dirigir manuseando ou segurando o celular dentro do veículo é a quarta infração mais registrada na Capital, conforme dados da EPTC de 2017 a 2022. Em 2021, foram 26.652 multas, o que equivale a uma a cada 20 minutos.

A quantidade já foi maior, como nos anos 2017 e 2018 (30.969 e 33.200, respectivamente). Em 2019, o número começou a cair e foi para 26.296. Já em 2020, ano do começo da pandemia, a queda foi brusca, chegando a 14.495 (veja gráfico abaixo).

A infração, segundo artigo 252 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), é considerada gravíssima, com multa de R$ 293,47 e resulta em sete pontos na carteira de habilitação.

O artigo 252 do CTB ainda conta com mais uma referência a aparelhos eletrônicos, que proíbe dirigir usando fones de ouvido conectados a aparelhagem sonora ou fazer ligação com celular. Neste caso, a infração é classificada como média, de quatro pontos, com multa de R$ 130,16.

- Alguns fatores precisam ser levados em consideração antes de fazer a abordagem (do motorista). Ela vai ser segura para o trânsito? O motorista já não está distraído demais e eventualmente a abordagem vai tirar ainda mais a atenção dele? Daí o agente tem o treinamento para saber se será positivo ou negativo fazer - explica o diretor-presidente da EPTC, Paulo Ramires, sobre as multas aplicadas sem parar o condutor.

Rochane Ponzi, advogada e observadora certificada do Núcleo de Esforço Legal do Observatório Nacional de Segurança Viária, defende que o aumento nas abordagens pode ser uma solução para conscientizar mais os motoristas:

- Tu estás chamando a atenção na hora, é muito complicado tu pensar no caráter educativo de uma penalização quando ela chega quase 30 dias depois. Se você está no celular, tu nem sequer viu o agente te autuando, vem aquela desculpa do ser humano: "Isso aqui é a indústria da multa", "Eu nem estava no celular".

Riscos

Há estudos que mostram que aquela "olhadinha rápida" oferece riscos altos de provocar um acidente.

Para entender o nível de desatenção dos motoristas com o uso do celular, o psicólogo Marcelo Rossoni da Rocha fez um estudo em 2019 com 23 jovens, que estavam nos primeiros cinco anos de carteira de habilitação definitiva (a partir dos 19 anos).

Os voluntários dirigiram em um simulador no Hospital de Clínicas de Porto Alegre e foram expostos a situações para avaliar os reflexos com e sem o uso do celular ao volante.

- Há um momento na simulação em que um veículo corta a frente do participante. A gente procurava testar se ele conseguiria frear a tempo. Isso ocorre nos três cenários (mandando mensagem de áudio, de texto e sem o telefone). Verificamos que quem estava enviando mensagem precisou apertar muito mais o pedal para evitar a colisão - destaca o psicólogo.

  

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