Um motivo para se orgulhar do Rio Grande
Quer um pretexto para estufar o peito e se orgulhar da nossa terra? Vá ao Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs). Depois de quase dois anos de pandemia, voltei a visitar o belo prédio na Praça da Alfândega. É uma joia no coração de Porto Alegre - e um bálsamo em tempos de cólera.
Desde meados de setembro, está em cartaz uma exposição especial, que reproduz a primeira mostra levada a público pela instituição, em 1955. Estão lá, com acesso gratuito, obras de artistas como Di Cavalcanti, Iberê Camargo e Candido Portinari. Há ainda reproduções em grande escala de textos preciosos, publicados na imprensa à época, fruto de meticuloso garimpo liderado pelo diretor-curador da casa, Francisco Dalcol.
Um dos artigos em destaque, veiculado na revista O Globo em setembro daquele ano, é assinado pelo crítico, professor e historiador das artes visuais Carlos Scarinci, morto em 2015. Arrebatado pela exibição inaugural, o autor anunciava "uma nova e completamente diferente época para a cultura artística de Porto Alegre". Em seguida, fazia uma observação, no mínimo, curiosa: "Por incrível que pareça", escrevia Scarinci, "os pintores nacionais desconfiam de nossa cidade, meio que a desprezam até".
O gaúcho, segundo ele, era ainda "arredio e pouco dado às sociabilidades que uma amostra de arte parece trazer". O crítico não tinha dúvidas de que, a partir daquele instante, uma nova e promissora janela se abria aos conterrâneos.
Passados 66 anos, o que diria o professor, se estivesse vivo? Sem hesitar, arrisco um pitaco: destacaria a importância do Margs como motor da cultura no Estado. Naquele texto, Scarinci lembrava que "um museu tem sempre o sentido de uma síntese cultural para um povo". É isso. Devemos nos orgulhar do que temos de mais belo. Vá o Margs. Ah, e não esqueça a máscara!
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