quinta-feira, 26 de março de 2009



26 de março de 2009
N° 15919 - PAULO SANT’ANA


Uma entrevista incomum

Hoje é dia de ser entrevistado pelo Ruy Carlos Ostermann no Encontros com o Professor, às 19h30min, no Studio Clio, Rua José do Patrocínio, esquina Alberto Torres.

Confesso que estou tenso e nervoso, embora não acreditem.

Sempre que fico diante do público, sinto nervosismo. Uma coisa é a gente falar na televisão ou no estúdio do rádio, são ambientes frios, sem reação, mas ficar perto do público é atemorizante.

Entre os vários ângulos a que vá ser submetida a entrevista, há um que me atrai: trata-se de um jornalista entrevistando outro jornalista, o que não é nada comum.

Nós, jornalistas, costumamos entrevistar pessoas de todas as atividades, menos da nossa.

Um jornalista entrevistando outro jornalista é um exercício de automergulho, uma forma de a gente passar a limpo a gente mesmo, levando em conta as nossas dificuldades e talvez as nossas prepotências.

Vazou que fui escolhido para ser o entrevistado do Ruy hoje, dia do aniversário da cidade, por ser de qualquer forma ligado a Porto Alegre.

Esse título de cronista da cidade sempre foi muito cobiçado por mim, embora não o mereça.

É que eu nasci aqui nesta cidade, é que eu sempre vivi aqui nesta cidade. Portanto, não tenho isenção para falar de Porto Alegre.

Melhor condição para amar esta cidade tem quem não é daqui, quem descobriu a cidade, quem elegeu a cidade e quis aqui morar para sempre.

Não tem graça amar-se a nossa mãe, o nosso irmão, alguém que é da família. Graça e mérito tem-se quando a gente escolhe alguém que não é do nosso círculo para amar, para devotar-se a ele, para elegê-lo como grande amigo ou líder.

E eu sou suspeito para amar Porto Alegre. Ela faz parte do meu ser como o cigarro, incorporou-se à minha personalidade, constranjo-me em cantar Porto Alegre, parece que estou me ocupando de mim mesmo.

Mas estou indo lá para bater este papo com o Ruy, para contar-lhe a minha vida como eu a enxergo, para quem sabe recitar Augusto dos Anjos, Olavo Bilac, Guilherme de Almeida, mas também para ouvir o que me têm a dizer o Ruy e todos que lá estarão.

Esses instantes são valiosos para que saibam o que a gente pensa de tudo e para que a gente possa adivinhar um pouco do que pensam sobre nós.

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