26 DE MAIO DE 2020
ARTIGOS - Enfermeira e prefeita de Cristal
Só é preciso UTI quando não se faz prevenção
A grande responsabilidade da atenção primária de saúde é proporcionar medidas, ações, estratégias e vínculos que proporcionem a saúde das pessoas, em seu conceito amplo de "saúde". Quando pensamos na pandemia, acreditamos que a grande resolução dos problemas será na média e alta complexidades, ou seja, nas emergências ou nos hospitais. Entretanto, na atenção primaria está o papel mais importante neste cenário. Se não houver adoecimento, não precisaremos de leitos de UTI.
Fazer saúde é um desafio porque, naturalmente, pensamos em saúde quando estamos doentes, e daí vem a lógica de pensar em curar a doença. Se esse paradigma de verdade mudasse, pela concepção de cada indivíduo, dos profissionais de saúde e, principalmente, pela dos gestores públicos em qualquer nível de gestão, teríamos menos problemas em filas de espera para cirurgias, pessoas não morreriam em prontos-socorros e, com certeza, inverteríamos os gastos com saúde, porque financiamos basicamente o "pagar" tratamentos. É por isso que hoje nos preocupamos com os leitos de UTIs.
O coronavírus traz à tona que temos de ser saudáveis, já que corpo e mente sadios garantem uma vida saudável. Mas os desafios são históricos, inclusive na valorização dos profissionais que atuam na atenção primária, e sobre isso caberia outro artigo.
Pensar em saúde é ampliar a visão dos cenários: significa pensar em não faltar medicamentos, não faltar alimentos, não haver crises familiares, não estar exposto à contaminação. É entender a importância da felicidade, da fé e da autoestima. Por isso equipes multiprofissionais são tão importantes.
Espero que no final desse período pandêmico tenhamos mais cuidado com nossa saúde, cada um consigo mesmo, além do entendimento coletivo de que quem salva não são somente os hospitais, mas sim a mudança de hábitos e a crença naquilo que as equipes dos "postinhos" dizem todos os dias, mas que nós não acreditamos e nem valorizamos.
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