quinta-feira, 14 de maio de 2020



14 DE MAIO DE 2020

RBS BRASÍLIA

As derrotas de Teich

Com menos de um mês no cargo, o ministro da Saúde, Nelson Teich, acumula derrotas e desgastes, além de um processo precoce de fritura. Um dia depois de ter sido surpreendido pela decisão do presidente Jair Bolsonaro, que aumentou a lista de serviços essenciais sem consultá-lo, ele não conseguiu acordo com Estados e municípios para o plano de flexibilização do isolamento. A explicação dos principais eixos, prometida para ontem, foi adiada.

Sem experiência política ou na administração pública, Teich apostou que conseguiria facilmente emplacar o seu projeto com secretários estaduais e municipais de Saúde. No final de semana, havia sido avisado que os conselhos não fechariam o pacto a favor da matriz apresentada e que essa discussão seria feita apenas no momento em que o número de casos e de óbitos começasse a cair.

O país alcançou ontem a terrível marca de 13 mil mortos e 188 mil casos. As cabeças do presidente da República e dos generais que integram o núcleo duro do governo estão voltadas para o pedido de divulgação do vídeo de uma reunião comprometedora para o governo, envolvendo a queda de braço com Sergio Moro. Quer dizer, estão em outra dimensão.

Enquanto isso, quem teria que comandar o Ministério da Saúde ainda não encontrou um rumo. É a prova de que o STF acertou ao garantir autonomia a Estados e municípios para gerenciar a crise.

A danada da transparência

Os exames apresentados pela Advocacia-Geral da União ao Supremo Tribunal Federal mostraram que Jair Bolsonaro testou negativo para covid-19. Com base nesses laudos, não havia razão para a preocupação com um eventual pedido de impeachment, nem mesmo motivo para tanta demora. Se a Presidência houvesse priorizado a transparência, não haveria necessidade de uma briga judicial para o acesso aos exames. Aliás, se Bolsonaro não tem imunidade à doença, ele tem colocado em risco a própria saúde, expondo-se a aglomerações, apertando a mão de apoiadores e até na convivência com assessores. Vale lembrar que o porta-voz da presidência testou positivo na semana passada.

CAROLINA BAHIA

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