19 DE MAIO DE 2020
INFORME ESPECIAL
Há uma injustiça contra a Caixa Econômica Federal
As críticas à Caixa Econômica Federal extrapolaram o limite do razoável para se transformar em arma política. Há problemas na distribuição dos R$ 600 aos milhões de brasileiros aptos a receber o auxílio emergencial. Mas basta olhar o tamanho do Brasil, o número pessoas habilitadas, a capilaridade da distribuição e as dificuldades da infraestrutura para compreender que a Caixa não pode fazer milagre.
O banco havia pago, até sexta-feira, mais de 19 milhões de benefícios. Lançou site, aplicativo e tentou organizar as suas agências. Arrisco dizer que, em meio à crise e à escassez de tempo, a Caixa vem fazendo um bom trabalho, que precisa sim ser aperfeiçoado, mas que mostra resultados concretos.
Mesmo quem tem uma empresa pequena que usa tecnologia sabe dos problemas constantes com instabilidade da rede, velocidade de transmissão, ataques de invasores e preenchimento errado de dados pelos clientes, só para citar alguns. Mesmo uma simples compra no cartão de crédito muitas vezes acaba trancando no sistema. Uma operação financeira do tamanho da organizada pela Caixa, e no tempo em que está sendo feita, seria um desafio para qualquer nação do mundo, mesmo para as mais desenvolvidas.
As dificuldades no pagamento, por outro lado, nos servem de alerta para uma realidade até então escondida: a exclusão digital. Cerca de dois milhões de brasileiros, descobriu-se agora, não possuem sequer uma certidão de nascimento. O número dos que não têm internet é muito maior.
E não é culpa da Caixa Econômica Federal, o nosso SUS do sistema financeiro.
Dois coelhos
Ao se aproximar do centrão do Congresso, Jair Bolsonaro aparou, ao mesmo tempo, muitas das arestas da relação com Rodrigo Maia. E ficou mais parecido com Lula, que fez um movimento semelhante em nome da governabilidade, para depois ser engolido pelos aliados de ocasião.
TULIO MILMAN
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