27 DE MAIO DE 2020
+ ECONOMIA
Venda de BB "nem tatu, nem cobra" esbarra em Bolsonaro
"O Banco do Brasil não é tatu nem cobra. Não é privado, nem público (...). É um caso pronto de privatização." A declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, no vídeo da reunião de 22 de abril, foi levada a sério pelo mercado. Ontem, as ações do BB recuaram 2,7% depois de decolarem 10,49% na véspera.
O detalhe é que o presidente Jair Bolsonaro não concorda, como afirmara à coluna em janeiro o secretário especial de Desestatização, Salim Mattar:
- Banco do Brasil, Caixa e Petrobras estão fora da lista de privatização. Isso é uma decisão de governo.
O próprio presidente do BB, Rubem Novaes, já admitiu em entrevista à revista Veja na mesma época:
- O presidente já falou que não pretende levar o assunto adiante.
A percepção de que o Banco do Brasil "não é tatu nem cobra" se aprofundou no debate sobre a dificuldade de acesso ao crédito na pandemia. Ricardo Roriz, presidente da Associação Brasileira da Indústria Plástica (Abiplast), fez discurso no mesmo tom à coluna há menos de 10 dias:
- De que adianta ter banco público se não estão fazendo nada agora? Se for assim, é melhor mesmo privatizar tudo e fazer estradas e hospitais, porque não estão cumprindo seu papel.
O Banco do Brasil mantém controle público depois de ter vendido uma grande fatia no mercado. Tem, portanto, acionistas minoritários que cobram resultados e barram iniciativas que reduzam a rentabilidade. O mercado pode ter subido no vácuo com a expectativa de privatização do BB, mas a crise de crédito terá peso no futuro do BB. No mínimo, para aumentar a pressão da equipe econômica sobre Bolsonaro, como Guedes fez na reunião do dia 22 de abril.
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