16 DE MAIO DE 2020
INFORME ESPECIAL
O melhor candidato a novo ministro da Saúde
Luiz Henrique Mandetta caiu porque "não tinha humildade". Vinha fazendo um bom trabalho, mas tropeçou no defeito imperdoável de se comunicar bem e de prestar contas à opinião pública através da imprensa. Nelson Teich, mais caladão, foi desautorizado publicamente pelo presidente - que voltou a prescrever cloroquina na porta do Palácio - e acabou não durando um mês no cargo.
Jair Bolsonaro não consegue fazer na área da saúde o que faz, sabiamente, na economia: deixar um especialista cuidar do assunto. Mesmo com alguns escorregões, como o PAC proposto pela ala militar e mais tarde soterrado pelo próprio presidente, que havia autorizado o movimento, Paulo Guedes tem conseguido fazer seu trabalho. Mas na saúde, não. Bolsonaro insiste em pensar que entende do riscado. Quando o assunto é pandemia, só falta trocar o célebre "o Estado sou eu" por "o posto Ipiranga sou eu".
Desse jeito, nenhum ministro sério aguenta. Bolsonaro impõe a médicos que estudaram anos a mesma hierarquia que funciona numa guerra, mas nem sempre fora dela. Cada vez que diz - e são muitas - "quem manda sou eu", reconhece, nas entrelinhas, sua falta de liderança. Mandar e liderar são coisas completamente diferentes.
Diante disso, só resta no país um nome capaz de atender às expectativas de Bolsonaro para o enfrentamento da pandemia. Trata-se de uma pessoa conhecida, com a qual o presidente teria livre trânsito e sintonia absoluta, que defende o fim do isolamento e o uso da cloroquina. Meu nome para o Ministério da Saúde é incontestável: Jair Messias Bolsonaro. E com vantagem extra de jamais precisar gravar uma reunião para provar quem disse o quê. Se bem que, dadas as circunstâncias, não se pode descartar o risco de rompimento no futuro.
O dia em que quase ganhei uma calcinha
Talvez eu já tenha contado essa história, mas, conforme expliquei acima, repetir não é pecado. Ainda mais quando a história é boa. No começo da carreira, eu era interino do Rogério Mendelski no Gaúcha Hoje, apresentado atualmente com brilhantismo pelo Macedão. Eu, guri, queria impressionar. O Rogério tirava férias entre Natal, Ano-Novo e Carnaval. E lá ia eu, bem feliz, noite fechada ainda, aproveitar a oportunidade de mostrar serviço.
O locutor que acompanha o programa no estúdio era o Flávio Martins, dono de uma voz aveludada e de uma personalidade tranquila e reservada. Um baita colega, que me ajudou muito lá atrás. Era cedo, antes das 6h, hora de mais um break comercial. O Flávio pegou a pastinha e começou a ler, com aquela voz grave e imponente. "Você quer passar um Natal inesquecível?". E eu, ligadíssimo, achei que poderia contribuir e valorizar a mensagem do cliente. "Claro, Flávio, quero sim", emendei, de improviso, na pausa da respiração dele.
Fez-se um silêncio. O Flávio olhava para a pasta e para mim, atônito.
Vi que ele, sempre reservado e quieto, mudou a fisionomia. Segurando o estouro na gargalhada, seguiu lendo a propaganda. "Se você quer passar um Natal inesquecível, vá a uma de nossas lojas e ganhe, nas compras acima de R$ 100, uma linda calcinha nova para passar o Ano-Novo".
O operador cortou o áudio do estúdio e colocou os comercias gravados, enquanto nos dobrávamos de rir sobre a mesa.
Nós e, imagino, os ouvintes também.
O dia em que quase ganhei uma calcinha
Talvez eu já tenha contado essa história, mas, conforme expliquei acima, repetir não é pecado. Ainda mais quando a história é boa. No começo da carreira, eu era interino do Rogério Mendelski no Gaúcha Hoje, apresentado atualmente com brilhantismo pelo Macedão. Eu, guri, queria impressionar. O Rogério tirava férias entre Natal, Ano-Novo e Carnaval. E lá ia eu, bem feliz, noite fechada ainda, aproveitar a oportunidade de mostrar serviço.
O locutor que acompanha o programa no estúdio era o Flávio Martins, dono de uma voz aveludada e de uma personalidade tranquila e reservada. Um baita colega, que me ajudou muito lá atrás. Era cedo, antes das 6h, hora de mais um break comercial. O Flávio pegou a pastinha e começou a ler, com aquela voz grave e imponente. "Você quer passar um Natal inesquecível?". E eu, ligadíssimo, achei que poderia contribuir e valorizar a mensagem do cliente. "Claro, Flávio, quero sim", emendei, de improviso, na pausa da respiração dele.
Fez-se um silêncio. O Flávio olhava para a pasta e para mim, atônito.
Vi que ele, sempre reservado e quieto, mudou a fisionomia. Segurando o estouro na gargalhada, seguiu lendo a propaganda. "Se você quer passar um Natal inesquecível, vá a uma de nossas lojas e ganhe, nas compras acima de R$ 100, uma linda calcinha nova para passar o Ano-Novo".
O operador cortou o áudio do estúdio e colocou os comercias gravados, enquanto nos dobrávamos de rir sobre a mesa.
Nós e, imagino, os ouvintes também.
TULIO MILMAN
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