sábado, 16 de maio de 2020



16 DE MAIO DE 2020
BRUNA LOMBARDI

A MENSAGEM DO INVISÍVEL

Esse vírus que apavora e parou o mundo, coisa impensável exceto numa guerra mundial, mostra que nessa guerra invisível, mesmo que a gente não entenda, deve existir uma mensagem.

De repente, a humanidade foi sacudida e um gigante alerta se espalhou de forma igual para todos. É claro que nem todos reagiram do mesmo modo e cada um de nós será afetado de um jeito. Para muitos, sequer há tempo pra pensar, precisam agir com a urgência de um corredor de hospital, precisam colocar sua própria vida em risco. Vocação e devoção acima de tudo. Não há palavras pra agradecer a esses heróis anônimos, e a sociedade vai ser para sempre devedora a esses profissionais.

Existem os que arriscam a sobrevivência sua e da família numa situação de necessidade extrema. Os que precisam se preocupar com o alimento do dia, aqueles pra quem higiene é um luxo e espaço para viver é algo inimaginável. Esses são os verdadeiros invisíveis sociais, os esquecidos, os ignorados e que só agora se tornam uma forte e viva preocupação da mesma sociedade que negligenciou sua existência.

Existem os dependentes, os grupos de risco, os vulneráveis, os incapacitados, os que precisam de cuidados especiais e que pela primeira vez têm um certo protagonismo nessa história. E não há como definir nem enumerar todas as situações que acontecem nesse momento no mundo que ainda têm guerras, polarizações, ódios, discrepâncias, distorções, violência e mortes.

Diante desse inimigo maior, vem o pedido da ONU de cessar fogo imediato, mostrando que "a fúria do vírus revela claramente a loucura da guerra".

Estamos diante de uma incalculável transformação. O mundo como a gente conhece não existe mais e o mundo que virá terá que ser construído por nós. Espiritualmente, existe um recado para todos. Mas nem todos estão aptos pra ouvir.

O mesmo vírus que nos ameaça nos mostra como somos interdependentes e como, na grande teia de conexões humanas, alguém do outro lado do mundo afeta a nossa vida.

Como diante de um poder maior, nossas convicções, nosso ego, nossas brigas diárias perdem sua relevância. E sentimos de fato o valor de estarmos vivos, de ter liberdade, de ter saúde. De como esse lindo planeta de abundância que a gente trata tão mal é capaz de alimentar a todos, se formos solidários.

Foi preciso parar para entender a importância do tempo, das relações de amor verdadeiras e incondicionais, que significam mais do que a própria vida. Vamos ter de olhar para dentro de nós e mergulhar numa jornada de autoconhecimento. Vamos repensar, reavaliar, tentar compreender profundamente o que somos e o que queremos ser. O que precisamos mudar em nós e no mundo que nos cerca. Ver que a tragédia nos dá uma segunda chance.

Nós paramos e o mundo parou. E para todos, esse é um momento de reflexão. Queremos acabar com o planeta que nos alimenta? Acabar com as relações de amor que nos sustentam? Podemos ser melhores? Podemos ter uma perspectiva mais generosa, mais humanitária?

O planeta mostra seus sinais. Os céus estão mais claros, as águas mais limpas, os animais não foram contaminados. E nós, o que vamos ser e como vamos criar o mundo que queremos ter?

BRUNA LOMBARDI

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