18 DE MAIO DE 2020
PERIMETRAL
A hora do vamos ver
É hoje, no máximo amanhã. Treze dias depois de liberar uma parte do comércio - além de pequenas empresas, autônomos e profissionais liberais -, o prefeito Marchezan já tem informações para decidir: ou avança na flexibilização ou volta atrás. A tendência é de que ele avance, autorizando inclusive, embora com restrições, o funcionamento de shoppings nesta semana.
Sua decisão depende de um único fator: o tamanho do impacto que as últimas liberações, no início do mês, vêm provocando no sistema de saúde. Como 250 mil pessoas retomaram a rotina na rua, é natural que o número de infectados comece a crescer agora, duas semanas depois. Porque quanto mais gente na rua, mais o vírus circula.
O governo municipal acredita, no entanto, que o reforço na capacidade de atendimento será suficiente para fazer frente à nova demanda. No sábado, a situação era boa: entre os 757 leitos de UTI disponíveis na cidade, 36 estavam ocupados por pacientes confirmados com coronavírus.
Ou seja: mesmo que a curva de contágio suba além do esperado - o que parece improvável, já que a ocupação de leitos se mantinha estável no fim de semana -, Marchezan tem uma boa margem para recuar, caso precise. Porque a estrutura adicional montada nos últimos dois meses, ao que tudo indica, permitiria ao prefeito apertar novamente as restrições antes de uma superlotação nos hospitais.
Mas a intenção, claro, não é essa. Enquanto o sistema de saúde mostrar que dá conta, novas atividades continuarão sendo liberadas aos poucos. Não é uma conduta arriscada, desde que o governo monitore diariamente a oferta de leitos - como vem monitorando - e seja rápido caso precise voltar atrás nas liberações.
A questão principal, no combate ao coronavírus, não é evitar que as pessoas sejam infectadas - a não ser quem pertence aos grupos de risco; esses não podem, de fato, se infectar. O objetivo maior é evitar que ninguém sofra por falta de atendimento. As pessoas estão morrendo justamente por isso em uma série de capitais brasileiras.
Não é o caso de Porto Alegre, ao menos até aqui.
PAULO GERMANO
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