sexta-feira, 29 de maio de 2020

O baú de Nico Nicolaiewsky: família e amigos preservam memória do compositor

Viúva, filha e parceiros musicais organizam projetos com material do compositor, que faleceu em 7 de fevereiro de 2014, aos 56 anos
Viúva, filha e parceiros musicais organizam projetos com material do compositor, que faleceu em 7 de fevereiro de 2014, aos 56 anos

ANTONIO PAZ/ARQUIVO/JC
Márcio Pinheiro, especial para o JC
A situação era quase irreversível e o desfecho não teria grande chance de ser diferente do que acabou sendo. A saúde de Nico Nicolaiewsky estava debilitada e não se acreditava mais em recuperação.
Restava conversar.
Márcia, a mulher, chamou a filha Nina e os três se reuniram pela última vez. Foi uma despedida e também um balanço de vida - com saldo altamente positivo. Mas por ser a derradeira conversa, a tristeza tomava conta. Afora isso, o que mais ficaria daquele momento seria a esperança.
Nico morreria pouco depois, pondo fim a uma agonia que começara alguns dias antes, no dia 23 de janeiro de 2014, às vésperas da comemoração de 30 anos do espetáculo Tangos & Tragédias. As dores que Nico sentia - e que a ele pareciam um problema postural e do peso do acordeon - mostraram-se mais graves e foram diagnosticadas como sendo uma leucemia mieloide aguda. Nico foi internado às pressas. Porém, o tratamento não foi suficiente para retardar o avanço da doença e ele morreu na madrugada do dia 7 de fevereiro. Tinha 56 anos.
Um dos temas do encontro final entre os três foi o futuro. E essa é uma das questões centrais na vida de Márcia e de Nina e que foi bem ressaltada na conversa que tivemos no começo de março no apartamento do Bonfim onde os três viveram durante tantos anos. Hoje Nina mora ali com o marido Tiago e o setter Bono.
Naquele mesmo dia, Márcia iria se reunir com Fernando Pezão e Claudio Levitan, dois dos mais antigos e constantes amigos de Nico, para falar de novos projetos, que incluem songbooks, shows e catalogação do material deixado por Nico. Os três estão juntos desde logo após a morte de Nico, quando criaram U.Nico, grupo voltado à preservação da memória musical do compositor.
Em outra vertente, Nina se aliou à amiga de infância Carina Levitan, filha de Claudio Levitan e da fotógrafa Eneida Serrano, para começar a desenvolver um espetáculo: "A ideia é recuperar músicas antigas, algumas do tempo do Saracura, revirar os arquivos e dar a este material uma outra roupagem, menos óbvia". "Como eu e a Carina não temos idade para ter visto o Saracura em ação, nossa tarefa fica até mais fácil", acrescenta Nina, lembrando ainda que elas nem sabem se não encontrarão algo inédito no meio do material pesquisado.
"O Nico convivia com a minha família desde que ele era pequeno, ou seja, desde antes de eu nascer. Então eu presenciei muito improviso, com todos tocando por brincadeira. Ele sempre me deixava muito à vontade, porque ele tinha uma franqueza no tratamento com as pessoas e um cuidado, uma atenção e um desejo que as coisas dessem certo. Era assim que eu o via", conta Carina.

Homenagens após a perda que desconcertou a cena artística

Com o pai em registro de 2013 (um ano antes da morte), Nina Nicolaiewsky hoje monta espetáculo de músicas antigas com Carina Levitan
Com o pai em registro de 2013 (um ano antes da morte), Nina Nicolaiewsky hoje monta espetáculo de músicas antigas com Carina Levitan
JOÃO MATTOS/JC
Márcio Pinheiro*
Uma das últimas apresentações de Nico Nicolaiewsky foi ao lado de Márcia do Canto, sua esposa, e de Nina Nicolaiewsky, sua filha, então com 20 anos. Foi em dezembro de 2013, na cerimônia de encerramento do Prêmio Açorianos de Literatura, no Teatro Renascença. A família subiu ao palco, e os três se dividiram entre números musicais e a apresentação dos indicados e dos vencedores dos prêmios. Nico morreria em menos de 50 dias.
Dois anos depois, Nina já estava tocando e estudando música de maneira mais efetiva. "Na faculdade, passei a ter contato com uma outra garotada muito boa, que está trabalhando firme e sempre em busca de um crescimento musical", explica ela, acrescentando que seu pai sempre lhe dava muita força para que continuasse os estudos musicais.
Ainda sobre o projeto do show em que estão envolvidas, Carina Levitan recorda que a morte de Nico foi um baque muito grande, repentino demais, e que desconcertou todo mundo. Assim, o projeto do tributo deverá se consolidar como algo incrível.
"Sempre participei como cenógrafa e entendo que uma equipe que trabalha junto acaba virando uma grande família. Todos se envolvem com o coração e deixam o clima leve e inspirador. É uma delícia participar", diz. "Agora, a Nina e eu vamos encarar uma postura diferente: pensar o repertório, os arranjos e os músicos que irão participar. Pensar qual formato de show faremos. Ainda está tudo no começo desta construção."
Por causa da pandemia, tudo está parado. Quando as atividades forem retomadas, este Nico que continua tão presente na memória de amigos e familiares será devidamente homenageado das mais diversas formas.

Marcas da ausência em exposição de fotografias

Piano azul de Nico Nicolaiewsky é guardado por anjo missioneiro
Piano azul de Nico Nicolaiewsky é guardado por anjo missioneiro
FOTOS ENEIDA SERRANO/DIVULGAÇÃO/JC
Entre os projetos engatilhados, Márcia destaca a possibilidade de um songbook reunindo as obras de Nico, com produção de Arthur de Faria, e a exposição de textos e fotografias que resultará da parceria dela com Eneida Serrano - parte das fotos que deve ser exposta está sendo mostrada pela primeira vez ao público nesta reportagem.

Eneida lembra: "A Márcia me disse que a fotografia poderia ser um recurso para conservar e compartilhar a memória de todo aquele espaço na casa deles que representava o Nico. Adorei o privilégio da amizade e da minha condição de fotógrafa. Assim, me senti inserida num momento muito importante, e fotografei de maneira discreta e silenciosa, com a câmera do telefone, a presença do Nico revelada naqueles objetos. Eles iriam, então, tomar diferentes destinos".

Márcia do Canto manteve objetos pessoais do compositor intocados
Márcia do Canto manteve objetos pessoais do compositor intocados
ENEIDA SERRANO/DIVULGAÇÃO/JC
Para Eneida, fazer essas fotos foi um auxílio na maneira de entender a partida, tão rápida, tão precoce. "Acredito que, num jeito de prolongar a presença do Nico, ou de assimilar a sua ausência, a Márcia manteve as coisas pessoais dele intocadas. Tudo lembrava o Nico na casa repleta de personalidade. Mas não era um rastro de tristeza o que os objetos marcavam. Cada detalhe que eu descobria durante a visita me provocava uma exclamação ou um sorriso. Era alegria, amor, humor, criatividade. Muitas vezes eu tinha ido à casa deles antes, mas nunca havia olhado com a mesma atenção. A possibilidade da perda dava outra dimensão àquele cenário real. O tempo era outro."

Por influência materna, começou a estudar piano clássico aos sete anos de idade
Por influência materna, começou a estudar piano clássico aos sete anos de idade
ENEIDA SERRANO/DIVULGAÇÃO/JC
Estes projetos se somarão a outras tantas ações que vêm acontecendo desde 2015, um ano depois da morte de Nico. Primeiro foi o Nico Tributo, em janeiro, quando foi apresentado um show com diversos artistas no Theatro São Pedro. O show, filmado e patrocinado através de um financiamento coletivo, foi lançado em DVD. Na sequência foi colocado no ar o site oficial do artista e também montado um espetáculo cênico-musical, A grande atração, em janeiro de 2016, baseado nas principais músicas da trajetória artística do compositor.
Em mais de três décadas de atuação, Nico foi um dos mais importantes artistas gaúchos de sua geração. Nascido Nelson Nicolaiewsky, em Porto Alegre, em 9 de junho de 1957, Nico era descendente de uma família de judeus da Bessarábia. Por influência materna, começou a estudar piano clássico aos sete anos de idade e, aos 13, foi aprovado em um teste no Instituto de Belas Artes da Ufrgs, onde seguiu seus estudos até os 16 anos.

Eneida Serrano clicou boneco de marionete que representa o artista
Eneida Serrano clicou boneco de marionete que representa o artista
ENEIDA SERRANO/DIVULGAÇÃO/JC
Já nessa época dividia-se entre o erudito e outros interesses musicais, como Tom Jobim e Astor Piazzolla. Integrando o efervescente cenário musical da Porto Alegre dos anos 1970, Nico, aos 21 anos, foi um dos criadores do Musical Saracura, banda gaúcha que alcançou grande popularidade na virada dos anos 1970 para os 1980, numa linha que havia sido inaugurada poucos anos antes pelos Almôndegas, de Kleiton e Kledir.
Formada por Nico (piano e voz), Sílvio Marques (guitarra e voz), Flávio “Chaminé” (baixo e voz) e Gata (bateria, depois substituída por Fernando Pezão), o grupo teve grande importância na mistura da música urbana com os sons nativistas, aproximando-se de outros artistas como Claudio Levitan e Mário Barbará. Com shows, o Saracura seguiu até 1984, deixando apenas um disco – com sucessos como Xote da amizadeFlorNada mais e Marcou bobeira – gravado em 1982 e nunca relançado em CD.
Com o fim do Saracura, em meados da década de 1980, Nico entrou na mais longa e bem-sucedida aventura musical de sua carreira. Em 1984, ao lado de Hique Gomez, os dois criaram a comédia musical Tangos & Tragédias.

Kraunus Sang e o Maestro Pletskaya no espetáculo cênico-musical que atravessou gerações
Kraunus Sang e o Maestro Pletskaya no espetáculo cênico-musical que atravessou gerações
FL/ARQUIVO/JC
A história fictícia – ou será verdadeira? – de Tangos & Tragédias começa quando os dois personagens, Kraunus Sang e o Maestro Plestkaya, nascidos num país chamado Sbórnia, são obrigados a fugir do local após a chegada do rock and roll. Assim, a dupla opta por se refugiar no Rio Grande do Sul, mas, mesmo à distância, procura sempre manter viva a saudade e as tradições da terra-natal.
A história verdadeira – ou será fictícia? – começa quando Hique Gomez e Nico Nicolaiewsky, dois nomes já respeitados no cenário musical gaúcho da década de 1980, resolvem criar um espetáculo que recuperasse antigos sucessos musicais e tivesse a dinâmica de um espetáculo teatral.
Tangos & Tragédias estreou no final de setembro de 1984 no Bar do IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil). Mesmo para um público restrito, a proposta bem-humorada chamou atenção e garantiu à dupla uma série de apresentações por vários outros bares da Capital – quando Nico e Hique ainda brincavam com o título dizendo que estava previsto que num futuro próximo fosse montado o show Sambas & Sadismos.
O upgrade viria logo depois, quando o espetáculo passou a ser apresentado em teatros, como o do Círculo Social Israelita, e chegaria a um patamar mais alto quando Tangos & Tragédias se transformasse no primeiro espetáculo a ter data cativa no Theatro São Pedro. Incorporando o Maestro Pletskaya – Hique era Kraunus Sang – Nico se tornaria parte do patrimônio musical de Porto Alegre.
A dupla marcaria a temporada musical, transformando os verões – quase sempre pobres em termos de atrações culturais – num período criativo e animado. Desde 1987, nas temporadas do mês de janeiro, a dupla conseguia com seus delirantes personagens a incrível façanha de lotar todas as sessões em pleno verão gaúcho.
“Quem não ia à praia, ia ver o Tangos & Tragédias”, lembra Hique. “A única diferença no público era quando o espetáculo estava lotado ou superlotado”, avaliava Nico. “O Tangos & Tragédias me ajuda muito psicologicamente, financeiramente e na maneira de me estimular a ter mais confiança no meu trabalho como artista”, explicava.

"Nico tinha um olhar muito particular", afirma Claudio Levitan

ENTREVISTA COM NICO NICOLAIEWSKY , SOBRE A  ESTREIA 28ª TEMPORADA DE TANGOS E TRAGÉDIAS.
Em Música de camelô, ele cantava sozinho ao piano canções superpopulares, beirando o brega
ANTONIO PAZ/ARQUIVO/JC
Mesmo com o sucesso de Tangos & Tragédias, Nico – já então casado com Márcia do Canto – mudou-se para o Rio de Janeiro. Por lá ficou cerca de uma década. Durante este período, ele teve aulas com o maestro, compositor e musicólogo alemão Hans-Joachim Koellreuter, tornou-se pai de Nina e trabalhou em trilhas de peças e filmes ao lado de nomes como Aderbal Freire-Filho e Domingos Oliveira. De Koellreuter, admirador da proposta de Tangos & Tragédias, Nico recolheu um ensinamento: “O que nos separa é justamente aquilo que nos une. Ensina a gente que alegria e tristeza são dois lados de uma mesma moeda”, resumiu o maestro.
Ao voltar para Porto Alegre, em 1995, Nico lançou dois discos: o primeiro solo, Nico Nicolaiewsky, no ano seguinte, e, seis anos depois, As sete caras da verdade. O primeiro contém valsas e canções líricas e virou trilha do filme Amores, de Domingos de Oliveira. O segundo trata-se de uma ópera-cômica, em que Nico interpreta o vilão Rodolfo.
Só mais de 10 anos depois destes dois trabalhos, Nico voltaria aos estúdios, lançando o terceiro disco, Onde está o amor?. O disco trazia uma proposta mais pop, com produção do guitarrista John Ulhoa, guitarrista da banda Pato Fu.
“Se você encontrar, me avisa”, me disse Nico a respeito do título durante uma entrevista na época do show de lançamento do disco no Theatro São Pedro. No trabalho, Nico havia reunido uma coleção de 12 canções de amor, todas escritas por ele, algumas delas em parceria com velhos amigos como Claudio Levitan (Volta menina e Tudo que eu fiz), Antonio Villeroy (Bombas de beijo e Nada faz sentido) e Fernando Pezão (Só eu e mais ninguém).
Naquele tempo, inspirado por Roberto Carlos (da boa fase, que vai até meados dos anos 1970) e pelos Beatles (em que todas as fases foram ótimas), Nico explicava que aquela concepção musical surgia a partir de um desafio que ele se impôs: a de ser um autor de músicas claramente populares. “Descobri que para a canção popular surgir de uma maneira fácil é preciso valorizar a simplicidade”, ensinava Nico.
Essa proposta seria elevada a um outro patamar em 2013, quando Nico montou o espetáculo Música de camelô, onde cantava sozinho ao piano, canções superpopulares, beirando o brega, tais como Ai se eu te pego, de Michel Teló, e Tô nem aí, da cantora Luka, até a música do desenho animado japonês Pokémon e Tchê Tchê Rerê, do cantor Gusttavo Lima, sugestões de sua filha Nina, que eram executadas com arranjos surpreendentes.
Claudio Levitan considera que Música de camelô teria chance de ter se transformador em outro fenômeno nacional, na mesma linha de Tangos & Tragédias. Infelizmente, Nico não teve tempo.
“Como saber onde estaria a cabeça de um artista, que para o meu desejo deveria estaria hoje nas grandes paradas de sucesso?”, avalia Levitan. “Nas nossas últimas conversas, Nico me sugeriu um projeto divertido: montarmos o 'show-caseiro' dos Pipinelas: meus pais e tios faziam nas festas familiares uma apresentação musical cuja ideia era uma viagem pelo mundo através das canções, a maioria marchinhas de Carnaval. Chegamos a experimentar no último show que fizemos juntos no Lar dos Velhos em outubro do ano anterior a sua morte, tocando uma sequência de quatro canções: uma italiana, uma russa, uma alemã e uma em idish. Desta proposta, poderíamos deduzir que suas pesquisas poderiam estar focadas em questões mais pessoais, introspectivas, existenciais. Algo como, dando importância às suas memórias musicais, da infância à atualidade”.
E o que Nico estaria achando da situação atual, da cultura, do Brasil? “Nós somos a cultura. Consequentemente somos o negócio da cultura. Eu penso que ele estaria pessoalmente honrado porque finalmente conseguimos nos profissionalizar nos projetos culturais com os quais conseguimos movimentar cerca de 14 empresas em nossas temporadas gerando renda e empregos e contribuindo com a geração de impostos”, aposta Hique. Completando: “E acredito que ele também estaria contente em saber que pessoas que não tiveram a oportunidade de assistir a Tangos & Tragédias, já voltaram inúmeras vezes para participar da sequência, A Sbornia Køntr'Atracka, em que atuo ao lado da Simone Rasslan. Um deles já o espetáculo viu mais de 10 vezes”.
Hique finaliza: “O Nico gostava de mergulhar na música de vertente popular. Acredito que ele ainda estaria remexendo na lixeira cultural e encontrando verdadeiras pérolas. Nico foi um parceiro muito exigente. Eu dei o meu melhor para agradá-lo e sei que consegui”.
Levitan reconhece o caráter surpreendente do amigo e parceiro, sempre com uma ampla visão do cenário musical e com capacidade para transitar por todas as áreas. “Ele se envolvia com o erudito, com o cancioneiro popular, com a música pop... E tudo ele encarava com humor e ao mesmo tempo com profunda seriedade. O Nico tinha um olhar muito particular”, eximindo-se do palpite de como Nico estaria artisticamente.
“Não me atreveria a dizer onde estaria seu pensamento agora. A gente vai se acostumando com a ausência. Tem momentos que gostaria de compartilhar músicas novas, ouvir suas risadas e críticas. Assim, inventamos uma maneira de superar esse buraco: nos encontramos quase semanalmente para falar dos projetos da U.Nico. Então ele continua presente e aí, fica mais fácil, né?”.

Em mais de três décadas de atuação, foi um dos mais importantes artistas gaúchos de sua geração
Em mais de três décadas de atuação, foi um dos mais importantes artistas gaúchos de sua geração
ENEIDA SERRANO/DIVULGAÇÃO/JC
Aos 59 anos, Márcia agora mora sozinha num apartamento no Bairro Rio Branco, acompanhada por três vira-latas. “A vida segue. O tempo vai nos libertando aos poucos e uma certa independência vai se criando. Permanece a saudade”, diz ela, que atualmente trabalha como psicopedagoga no Colégio Santa Inês e se mantém envolvida com livros infantis e trabalhos teatrais, além, óbvio, da coordenação de U.Nico.
Recentemente, Márcia novamente passou pela dor da perda. Pedro, seu filho mais velho, do seu primeiro casamento, morreu aos 39 anos. “Dia 17 de abril Pedro não acordou. Pedro cansou. Estava tudo normal, mas ele insistiu em não acordar. Foi apagando feito fogo. Com serenidade. Filho meu. Obrigada pelo tanto que me ensinou. Te amo”, escreveu ela no Facebook.
Sobre Nico, Márcia conta que até hoje “conversa” com ele, que ainda sente ele muito presente, principalmente com relação ao que ele pensava e ao companheirismo. “Seus conselhos ainda me são muito úteis”. E essa durabilidade é também a confirmação de que quem é lembrado, permanece.
Márcio Pinheiro é porto-alegrense e jornalista. Trabalhou em diversos veículos da Capital, de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Um comentário:

Cristian Dias Barbosa disse...

Excelente post. Frequentemente penso em Nico e sua vasta obra. Não conhecia esse texto e com ele coloquei de volta frente a frente com o humano/artista. Saudades mesmo e a sensação de que sua obra e vida interrompidas seguem vivas. Acredito ser muito importante a preservação dessa memória.