13 DE MARÇO DE 2020
PERIMETRAL
A travessia dos macacos
Você talvez já tenha visto, em frente à sede da AABB, na Coronel Marcos, uma espécie de ponte de corda e cano cruzando a avenida a oito metros de altura.
Essa é a mais fácil de enxergar, mas, nos últimos tempos, com o avanço do desmatamento - e com animais silvestres cada vez mais acuados -, travessias assim surgem com maior frequência na zona sul de Porto Alegre. Entre as 15 instaladas desde o fim dos anos 1990, cinco foram nos últimos dois anos - e outras quatro devem ser construídas nos próximos dois meses.
- O desmatamento interrompe o que a gente chama de corredor ecológico, que é a sequência de árvores por onde os bugios se deslocam - explica a bióloga Márcia Jardim, do projeto Macacos Urbanos, que ergue as pontes pela cidade em uma parceria com a prefeitura.
Segundo Márcia, o aumento nas travessias se deve especialmente a um plano nacional pela preservação do bugio-ruivo - espécie em extinção que, sem os corredores ecológicos, acaba descendo dos galhos. E aí os macacos, ao atravessar as avenidas, ficam expostos a atropelamentos e a ataques de cães.
A situação mais crítica fica nas imediações da Reserva Biológica José Lutzenberger, no Lami. Dez das 15 pontes estão lá - duas ficam em cima da Estrada Otaviano José Pinto. Ocupações irregulares e empreendimentos do Minha Casa Minha Vida seriam os principais fatores para o desmatamento na região.
- É muito triste, porque as pontes só podem ser usadas pelos animais quando existe, depois delas, uma continuidade de árvores. Então, às vezes nem conseguimos instalar - diz a bióloga Maria Carmen Bastos, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente.
Questionada pela coluna, a secretaria informou que monitora a situação da reserva do Lami: a pasta já emitiu autos de infração por supressão de vegetação, instalação de loteamento sem licença e depósito irregular de resíduos.
Por enquanto, não tem adiantado muito.
A cara da rua
Esse peixinho na cabeça até pode atrair olhares, mas dá um calorão danado. É uma espécie de almofada, sabe? Quente demais. Mas são ossos do ofício: aliado ao meu vozeirão, o chapeuzinho é imbatível para chamar a atenção. E eu me divirto trabalhando, não tem tempo ruim. Mas bem que eu queria que o inverno chegasse logo.
VLADIMIR FONSECA DA SILVEIRA
Na Praça da Alfândega
PAULO GERMANO
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