30 DE MARÇO DE 2020
RBS BRASÍLIA
Ignore o presidente
Quando o presidente da República vira uma ameaça à saúde do cidadão, a melhor saída é ignorá-lo. Por mais que custe aos seguidores mais fiéis reconhecer que Jair Bolsonaro erra na condução da crise do coronavírus, é importante baixar a guarda e ouvir as orientações do Ministério da Saúde. Governadores e prefeitos já estão fazendo isso. E a Justiça vem derrubando, em série, as determinações do presidente.
Em reunião com Bolsonaro, o ministro Luiz Henrique Mandetta perguntou se alguém está preparado para ver caminhões do Exército transportando caixões. Você está? Para evitar um horror maior, técnicos da saúde construíram um plano de transição com a manutenção do isolamento social e apresentaram um cronograma aos Estados, que prevê escolas fechadas pelo menos até o final de maio.
Ontem, no entanto, Bolsonaro foi para Ceilândia, Sobradinho e Taguatinga, três grandes centros na periferia de Brasília, conversar com ambulantes, promovendo aglomeração. Ele desafia as orientações de sua própria equipe, coloca em risco a saúde das pessoas e age como um populista tresloucado.
É óbvio que esses trabalhadores precisam do apoio do Estado para passar por essa crise. Na verdade, até chegar o coronavírus, o alto número de autônomos e informais jamais foi motivo de preocupação do governo Bolsonaro. Não havia nenhuma política econômica específica para eles. Mas, agora, tudo mudou. O receituário do ministro Paulo Guedes (Economia) foi para o lixo e um novo plano econômico precisa ser desenhado, já visando o pós-coronavírus. Nesse meio tempo, valem as orientações do Ministério da Saúde.
Domingão da aglomeração
Depois de um desnecessário tour por Ceilândia, Sobradinho e Taguatinga, contrariando recomendações do Ministério da Saúde, Jair Bolsonaro conversou com apoiadores e com a imprensa em frente ao Palácio da Alvorada. Em meio aos populares, estava o ex-deputado Mauro Pereira (MDB) (camiseta branca) que, aos 61 anos, integra o grupo de risco. Questionado pela coluna, Pereira afirmou que estava ali para apoiar o presidente. Deputado, ele também apoiou até o fim o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o ex-presidente da República, Michel Temer.
Para ficar em casa
O Ministério da Saúde deve anunciar amanhã uma grande estratégia de telemedicina para que as pessoas consultem sem sair de casa. Isso reforça a recomendação do ministro Mandetta para que as pessoas que puderem, fiquem em casa. Em especial os grupos de risco. A política será nacional, baseada em inteligência artificial e teleconsulta.
CAROLINA BAHIA
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