31 DE MARÇO DE 2020
OPINIÃO DA RBS
HORA DA SOLIDARIEDADE
Grandes crises forjam e fortalecem o caráter e a trajetória de um povo. Ao longo de sua rica história, o Rio Grande do Sul coleciona uma sucessão de episódios dramáticos que sedimentaram o evidente traço generoso dos gaúchos. Nos momentos mais críticos, o altruís- mo sempre aflorou na população, com mãos estendidas para amparar os que mais precisam de apoio. Foi assim tanto nas tragédias naturais quanto em acontecimentos que causaram uma dor coletiva lancinante, como a tragédia da boate Kiss, que dilacerou o coração do Rio Grande.
Os exemplos de solidariedade, agora, se multiplicam Estado afora. De grandes doações de empresários e empresas ao gesto simples e desprendido de fazer compras no supermercado ou na farmácia para idosos que têm maiores restrições de sair de casa. Recursos, equipamentos médicos, estruturas físicas à disposição de órgãos da área de saúde e alimentação para a população mais vulnerável são apenas algumas das iniciativas que proliferam nos últimos dias.
De janelas e sacadas, talentos anônimos surgem, com suas vozes e instrumentos, para com a música levar para a vizinhança um pouco de conforto em dias e noites de distanciamento social. São os gaúchos mais uma vez se mobilizando e mostrando altivez e empatia em um momento em que é preciso mitigar os efeitos colaterais do inadiável combate ao coronavírus. O isolamento físico não precisa ser sinônimo de desassistência.
O egoísmo e o individualismo não devem ter espaço entre os gaúchos neste momento de emergência sanitária. Da mesma forma, precisam ser condenadas e censuradas todas as atitudes oportunistas e tentativas de tirar proveito do temor da população em uma situação de alta volatilidade emocional.
O respaldo das comunidades, dentro do possível, também pode se estender para o apoio à manutenção de negócios em funcionamento, quando está em vigor uma série de acertadas medidas restritivas. Seja antecipando pagamentos, quando praticável, privilegiando o comércio de bairro ou contratando serviços que serão feitos assim que a tempestade passar. Mais dia, menos dia, o Brasil voltará à normalidade. Mas há uma distância incerta até lá e os gaúchos certamente continuarão a esbanjar solidariedade para que esta travessia seja menos dolorosa.
A atual pandemia de coronavírus é um episódio que deixará uma marca indelével nesta geração e possivelmente será um dos eventos marcantes deste século. Nos próximos anos e décadas, certamente será objeto de profundos estudos em áreas como medicina, psicologia social e economia, entre outros campos do conhecimento. Alguns personagens desta era serão reconhecidos. Outros, talvez lembrados de forma pouco honrosa. Mas, mais do que transformar, crises reafirmam a índole de um povo. E a esmagadora maioria da sociedade gaúcha, pela soma de cada gesto individual, caminha para ficar no lado certo da História.
OPINIÃO DA RBS
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