28 DE MARÇO DE 2020
LIA LUFT
O bom combate
No exílio voluntário do Bosque, a vida seria bucólica e poética se não fossem as horrendas notícias do mundo. Estados Unidos, o novo centro da doença, Nova York irreconhecível, com médicos e enfermeiras já usando aventais de sacos de lixo.
Nós aqui neste rabinho do mundo que é o RS (no senso geográfico...) parece que – talvez – podemos escapar da tragédia apocalíptica de outros lugares do mundo.
Mas ainda não temos certeza. Desta vez quem comanda é o vírus, que pegou despreparado o mundo inteiro. Há quem reclame que dou notícias negativas. Desculpem: inimigo ignorado ou adoçado vai me derrubar bem mais depressa.
Sim, sou ficcionista, poeta, divago e sonho, mas sou também prática e com olhos bem abertos: quero conhecer o perigo, avaliar a ameaça. Pois, se afinal for menor do que se pensava, melhor pra mim, pra nós.
Frases doces e teatrinho alegre podem amenizar na hora, mas servem para acalmar criancinhas. Os adultos precisam saber para proteger. Gritinhos, lágrimas, desmaios pouco adiantam; raiva, xingamentos de venda nos olhos, pior ainda.
Somos adultos enfrentando algo perigoso, dramático e real, nossa arma é prudência, calma, cuidados. Xingar o fato de que, sim, temos de ficar em casa, é negativo e tolo.
Reclamar que então não teremos comida nem remédio, é infantiloide: serviços essenciais funcionam.
Aí reclamam que esses profissionais se arriscam: sim, senhores. Como profissionais da saúde.
Talvez espernear menos ajude a ter os necessários equilíbrio e sensatez para superar essa pandemia que, sinto muito, não é uma armação internacional diabólica nem uma gripezinha.
Se estamos numa guerra, vamos lutar com inteligência e bravura. Não é hora de birra, burrice, negação. Aqui entre árvores e paz, vizinhos amigos e sossego, também quero voltar pra minha casa, família, e menos preocupação.
Antes que a noite chegue é bom acender luzes de informação, sensatez, coragem e calma. Aí quem sabe, ela chegue mansa e cuidadosa.
LYA LUFT
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