14 DE MARÇO DE 2020
OPINIÃO DA RBS
A HORA DA INFORMAÇÃO
A pandemia do coronavírus confere uma nova dimensão ao termo desinformação e desnuda os riscos a que são submetidas as pessoas que porventura venham a seguir orientações fraudulentas inventadas por irresponsáveis encobertos pelo anonimato da internet. Boatos que semeiam pânico e espalham relatos delirantes e falsos, pela sensação que costumam causar, se espalham como um vírus pelas redes sociais. Neste cenário, em que milhões de vidas e a economia mundial estão em jogo, fica outra vez evidenciado o papel insubstituível da imprensa profissional e das fontes de credibilidade como fatores decisivos na superação da crise da covid-19.
O grande antídoto do agente infeccioso é a informação correta e precisa, produzida por especialistas e instituições confiáveis e transmitida por veículos ou organizações que se assentam em sólido histórico de credibilidade e reputação. A imprensa, assim como os cientistas, não é capaz de dar neste momento respostas a todas as incógnitas que surgem em situações como esta, que naturalmente causam um turbilhão de dúvidas e inquietações. Qual a razão de crianças pequenas serem menos suscetíveis, por que a Itália tem um número desproporcional de mortos, quanto tempo se levará para desenvolver uma vacina e qual tratamento seria mais eficaz são apenas algumas das muitas perguntas que estão no ar.
Reconhecer que ainda não há respostas para tudo - em vez de disseminar teses mirabolantes ou teorias conspiratórias, como grassa nas redes - também é parte dessa fidedignidade tão necessária para a população ter confiança naqueles que produzem as orientações e nos que as veiculam de maneira responsável.
O presidente Jair Bolsonaro prestou um grande desserviço no combate ao vírus no país ao atribuir à "grande mídia" o que ele chamou "muito de fantasia" sobre o impacto do coronavírus ao redor do planeta. Infelizmente, sentiu na própria pele os efeitos reais do que é a pandemia e o seu alcance, ao ter de se submeter ele próprio a usar máscara e passar por exames depois que seu secretário de Comunicação - outro que atacou a imprensa quando foi corretamente noticiada a suspeita de que estivesse infectado - testar positivo para o vírus.
É imprescindível o jornalismo profissional e ético, que tem sido um grande aliado e exerce um papel decisivo na luta para conter a nova enfermidade. Informação precisa, contexto, orientação e acesso a fontes de alta confiabilidade são elementos basilares desse papel. A imprensa já cumpriu seu dever ao informar adequadamente em inúmeras crises de saúde, sociais e econômicas no passado. Na atual emergência global, em que há uma "infodemia" mundial e um excesso de conteúdos sem filtro se espalhando sem controle de qualidade, mais do que nunca o jornalismo capacitado é um bem de primeira necessidade ao alcance da população.
Os cidadãos estariam à mercê de riscos muito maiores se, como desejam certos governantes, prevalecessem as narrativas espalhafatosas e enviesadas das redes sociais ante as informações checadas por profissionais e instituições que, acima de tudo, têm de zelar a cada dia pelo patrimônio da credibilidade.
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