21 DE MARÇO DE 2020
RODRIGO CONSTANTINO
Os radicais de centro
O governo Bolsonaro tem uma ala mais ideológica radical, ligada ao guru de Virgínia, que critico desde o começo. Acho que a postura beligerante demais e muitas vezes tosca dessa turma afasta qualquer pessoa moderada que, em condições normais, poderia apoiar o grosso do governo, que tem inúmeros ministros sérios e técnicos e uma agenda virtuosa de reformas.
De uns meses para cá, porém, percebi uma guinada oportunista por parte de muitos que, com a desculpa de condenar essa ala em particular, passaram a agir como oposicionistas ferrenhos do governo como um todo. O vírus chinês forneceu o pretexto que faltava para maior assanhamento, inclusive já com pedido de impeachment. A postura inicial do presidente, certamente, em nada ajudou, ao ridicularizar a crise.
Esses "radicais de centro" acabam servindo como instrumento para os golpistas da extrema-esquerda. E, por mais que posem de democratas tolerantes, mostram-se cada vez mais radicais e intolerantes, a ponto de atacarem todo aquele que discorda de sua análise, rotulando-o de "gado" ou "vendido". Não respeitam conclusões diferentes com base em premissas similares.
No afã de atacarem o presidente, não se importam de cerrar fileira ao lado de gente como Alexandre Frota ou Ciro Gomes, esse, sim, um radical. Passam a defender com unhas e dentes jornalistas que torcem contra o governo, abraçam ideologias esquerdistas, por mais que finjam ser imparciais ou mesmo liberais.
Alguns chegaram ao limite de defender o regime ditatorial comunista, que persegue jornalistas, só para poder atacar o filho do presidente, que fez críticas ao Partido Comunista Chinês por ter sonegado informações cruciais que poderiam evitar a pandemia.
Numa guerra, a primeira baixa é a verdade. Sempre condenei a ideia do "vale-tudo" e usava esse argumento justamente contra o olavismo tóxico. É triste ver meus colegas liberais apelarem para a mesma tática contra os demais. Criticar o governo é legítimo; intimidar ou assassinar a reputação de quem não aderiu a essa histeria contra Bolsonaro é algo bem diferente...
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