04 de julho de 2015 | N° 18214
NÍLSON SOUZA
QUER QUE EU DESENHE?
Tenho inveja saudável do Fraga. Não exatamente dele, que é um
companheiro de trabalho simpático e competente. Invejo sua arte, seu talento
para desenhar e caricaturar. Sou um analfabeto do traço. Não consigo me fazer
entender nem mesmo quando tento desenhar aquele gato de costas, dois círculos,
duas orelhas e um rabo em esse.
Mas adoro cartuns e tirinhas.
Sou fã incondicional de Mafalda, Lucky Luke, Asterix e
Iznogoud, o Grão-Vizir que só tem um objetivo na vida: ser califa no lugar do
califa. Ah, como eu gostaria de ser Fraga no lugar do Fraga. Em vez de ficar
catando letrinhas para explicar que o objetivo desta crônica é unicamente
reverenciar os desenhadores, eu faria um cartum matador. Como aquela garotinha
da anedota que se esmerava num desenho em aula e foi questionada pela
professora sobre o que estava fazendo.
– Estou desenhando Deus – disse.
Quando a professora argumentou que ninguém sabe como é Deus,
ela respondeu prontamente:
– Já vão saber!
Pois o meu cartum imaginário homenagearia todos os mestres
do traço que conheço, o Iotti, o Marco Aurélio, o macanudo taurino Santiago, o
Edu dos nossos editoriais, o Gonza e mais uma penca de gente talentosa que dá sentido
e graça à vida com um lápis de desenho ou um mouse de computador.
Como não tenho essa competência, sugeri à nossa diretora
Marta Gleich a promoção desse concurso de cartuns que acaba de revelar novos e
extraordinários talentos. Fiquei muito feliz com os resultados. Votei no cara
do drone competindo com a cegonha na entrega de bebês. Não foi o vencedor nem
entrou entre os três primeiros. Não importa. Os escolhidos pelos leitores também
são muito qualificados, como vários outros que tiveram a oportunidade de
mostrar o que fazem. Na verdade, ganhamos todos com a verdadeira galeria de
arte e humor produzida pelos candidatos.
Fiquei tão entusiasmado, que já comecei a praticar novamente
o meu gato de costas. Se não melhorar sozinho, vou pedir umas lições para o
Fraga.
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