30 de julho de 2015 | N° 18242
DE FORA DA ÁREA | Cláudio Dienstmann
ESSES EUROPEUS NEGOCIAM BEM
Os europeus querem levar Aránguiz do Inter por 15 milhões de euros. Do Grêmio, querem Luan, por 10 milhões de euros, e Walace, por 8 milhões de euros. Não é pouco dinheiro: 15 milhões de euros dá mais de R$ 55 milhões, suficientes para comprar mais de mil carros zero, ou uns 500 apartamentos de um quarto, ou uma dúzia de casas em condomínios de luxo ou 10 apartamentos de cobertura com vista para o mar no Rio.
Por outro lado, quando contratam jogadores das mesmas funções de Aránguiz, Luan e Walace já em atividade na Europa, os clubes de lá pagam quatro, cinco vezes mais.
Nas últimas semanas, foi feita uma série de negociações assim. Por 35 milhões de euros, o holandês Memphis Depay foi do PSV para o Manchester United, o brasileiro Douglas Costa, do Shakhtar para o Bayern, o chileno Arturo Vidal, da Juventus para o Bayern, o belga Christian Benteke, do Aston Villa para o Liverpool. O Barcelona deu 40 milhões de euros pelo turco Arda Turan, do Atlético de Madrid, mesmo valor do marfinense Wilfred Bony, que saiu do Swansea para o Manchester City em meio à temporada passada.
O Bayer Leverkusen, interessado em Aránguiz, é especialista em comprar jogadores a baixo custo – sul-americanos em geral e brasileiros em particular. Usa por um tempo e vende pelo triplo ou mais. Foi assim com Zé Roberto, Jorginho, Emerson, Juan, Lúcio, Vidal. Os clubes holandeses, belgas e franceses são especialistas em repassar jogadores buscados na África: compram por pouco, vendem por muito para ingleses, italianos e alemães. Porto e Benfica lapidam sul-americanos e revendem com grande lucro (e nós é que nos consideramos espertos!)
Os sul-americanos sofrem concorrência de oferta dos países de segunda e terceira linha do futebol europeu: sempre existe talentos disponíveis na Croácia, Sérvia, Bulgária, Bósnia e Herzegovina, Montenegro, e até na Ásia, Oceania, América Central e do Norte. No caso do pessoal do leste europeu, há maior facilidade de adaptação.
Para chegar a um preço melhor, os brasileiros e sul-americanos (com raras exceções) precisam primeiro fazer uma espécie de estágio – seja em países com menos tradição ou em clubes de segunda linha em grandes ligas, como Lúcio, Juan, Zé Roberto, Emerson, Douglas Costa, Cuadrado, Vidal, Roberto Firmino, Hulk, Fernandinho, Willian, Luiz Gustavo, Dante, Daniel Alves, Rivaldo, Romário, Ronaldo, Ronaldinho, David Luiz, James Rodríguez, Luís Suarez, Cavani, Falcao García, Diego Costa, Marquinhos e Alexis Sánchez.
Azar dos clubes brasileiros: como no tempo do colonialismo marítimo, os europeus continuam negociando e se dando muito bem.
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